Exílio
Existe algo de triste e confortável na constelação de coisinhas que eu faço acontecer no tédio que antecede a chegada do sono. Eu como alguma coisa, eu assisto televisão para não pensar em nenhuma de todas as coisas em que eu tenho que pensar. Sinto desejo de fumar um charuto. Toco violão. Leio um pouco. Me forço a escrever.
Hoje é dia 15 de novembro, penso no desgosto de Pedro D’Alcântara, prestes a embarcar para o exílio. No espaço entre as estrelas da minha constelação de coisinhas a palavra “exílio” respira. Ela me persegue, faz algumas semanas, com as palmeiras e os sabiás daquele poema que o meu pai me leu na mesa de um restaurante, já fazem muitos anos. Gonçalves Dias tem a história mais triste: Morreu no naufrágio do barco que o trazia de volta à pátria.
Eu nego o nome da minha solidão. Dou-lhe novas alcunhas: “descanso”, “tédio”, “fracasso”. Não quero sair e encarar o mundo nesse dia chuvoso, porém tão pouco quero ficar só. Quero que o mundo todo venha para onde já estou, silencioso, calmo, respeitoso. Quero alguém que vele o meu sono. A voluntariedade do meu exílio não nega o seu significado. A minha vontade de ser só não nega a minha solidão. Eu nego e pago, cabeça erguida e olhos baixos, eu nego e pago.
Sobre a r e v i s ta
Eu concordo em fugir um pouco da "acadimia". Nada contra ela, mas existem revistas o bastante neste círculo. Queria também que não ouvessem só contribuições de origem "artística", mas que também houvessem textos mais estruturais sobre os assuntos da edição - não acadêmicos, mas críticos. Alguém que justamente escrevesse um texto definindo o que é o "exílio" no século XXI. Isso seria interessante e mais acessível para os nosso público. Colaborações de linguistas, psicólogos, sociólogos, filósofos, historiadores, antropólogos. Acho isso essencial, se não vamos ficar presos nesse mundo das artes quando, creio yo, que devemos estar dialogando com a galera das ciências, esse povo brilhante que escreve tudo em não-ficção (eu estou numa onda não-ficção desgraçada desde o ano passado - continuo detestando ler sobre arte, mas tenho lido muitas coisas das ciências - agora lendo um livro incrível do Marc Bloch - caramuru,Marc Bloch). É nosso dever, como artistas, dialogar e esticar a mão para a galera da ciência.
Me candidato ao posto de editora-colaboradora, se assim me desejarem. Os nomes que eu posso vir a sugerir hão de surgir conforme surgam os "tópicos" das edições, mas de cara indico o Rodrigo de Souza Leão, escritor que acabou de lançar um livro lindo chamado "Todos Os Cachorros são azuis" (Entrevistei ele para a Germina, aqui o link da entrevista, que é curtinha - http://www.germinaliteratura.com.br/2009/pcruzadas_rodrigodesouzaleao_mar2009.htm ). A Natércia Pontes, conhecida de muitos aqui, também está, obviamente, indicadíssima. O senhor meu pai, o Tio Beni, escreve excelentes textos sobre música. Gostaria de ter muita variedade nisso. Todo tipo de gente, mesmo. Mas eu sou uma menina família, e o nepotismo é forte.
Queria que todos vocês um dia visitassem a biblioteca do meu querido abuelo, El Ministro. Passei o fimde em Terê, na Biblioteca, fazendo o que o meu avô chama de "a ginástica do intelectual" - carregando centenas de livro e os arrumando por assunto. Sério, têm lá mais de 20 mil volumes. A maioria é de direito, um saco, livros de consulta, mas a seção de história/sociologia/ciência política/antropoligia é de dar água na boca (literatura e filosofia estão aqui no Rio - tem tudo no original e em português). Achei uma primeira edição de Casa Grande - Senzala autografada pelo Freyre ("Com um grande abraço afetuoso") que pertenceu ao meu bisavô!!!!! Livros de 1847, que pertenceram ao pai do meu bizavô. Que foda, não? Tudo do Marc Bloch e esses historiadores franceses que o meu avô adora (a maioria, infelizmente para mim, no original). O Borges ia gostar dessa biblioteca. É um inferno de arrumar, ainda mais seguindo os métodos loucos do velho, mas é uma delícia.
Posso ajudar no que quiser. Acho que o site tem que ser dividido por edições, não autores. Os textos tem que estar em um conceito. É claro que, uma vez que a pessoa clique no nome do autor, poderá vizualizar as suas outras colaborações - mas, primeiramente, devem estar agrupados por edição (assim me parece). Mais uma vez, vou bater nnnnnneeeeeesssssaaaaa ttttttteeeeeeccccccllllllaaaa - nós não podemos depender de um web-designer para fazer updates. Que seja um blog, com um template feito para nós, e um url feito para nós. Se não, eu garanto, o negócio não vai pra frente (experiência de quem não fala html e já teve site).
beijos gerais,