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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

terça-feira, 30 de junho de 2009

você

bate uma punheta meu filho. aqui tá sempre foda nunca perdi,ganhei,gastei,perdi,tanto dinheiro na minha vida.deveras não sei o que fazer. um litro por sete reais no pão de açucar dondes está patricia? minha birra falta de vontade com vc de falar com você meu e que sempre vc fala sozinho sempre falando dos seus planos e coisa a fazer devir porvir isso cansa,blanchot talvez seja nóia talvez seja eu a bolha. mas não sinto que vc escute,entenda,dialogue,grite. enfim, esse papo já tá velho e torto. usted falou que eu penso que penso que as coisas estão ditas e no fim não são não estão é isso!? barthes fala que o "é isso" e o ponto puncton do haikai a chave de ouro do gullar . fernando escreveu um poema lindo sobre o poema sujo fernando escreveu um poema sujo sobre um poema lindo. essa e a parte que falo de outra coisa pra ti dar a chance de responder essa outra coisa e o puncton do barthes fica pra manhã? -----"amanhã amanhece quando a gente acorda" eu amo você eu amo francine eu amo iuri eu amo emilia,nara ,miha mãe eu amo minha mãe. (dois anos sem telefone) eu amo isso aqui. eu amo essa pedra verde na minha janela para a ex-praia da saudade. eu amo sp, eu quero comer são paulo eu quero virar caracol eu quero lágrimas nos olhos por favor me leia com amor ou não me leia brother joe fiquei agora com medo a última vez que escrevi um poema pra vc. você respondeu uma merda tão grande que fiquei com vontade de sangue. de cuspir na cara e gritar ô caralho olha pra onde você tá olhando... o bataille comeu o sol! sonhei que era um vampiro que era bataille que comiamos o sol icarus as avessas sonhei que enfiava meu pau no cu da olivia que lambia sua buceta até ela tremer ela debatia sobre outras odes ela debatia sobre outras ela debatia sobre ela debatia, ela ria aquele sorriso de filha de uma puta. movimento,acordar fazer café bater um punheta escutar yoko tempos que não choro temos que não como o cú de olivia. olivia tem lindas carnes brancas um sorriso de fuder o coração. ela comeu o sol e cuspiu minha cabeça em pedaços fodeo no meio na rede no chão três dias inteiros sem comer ela me fotografou deitadoencurralado olhando para ela colocou aquele blazer ao contrario igual a uma camisa de força. lia cortazar o jogo lia,andava, deitou,fotografou me chupou sentou na janela e chorou lembrando do pai. lembrou falou da ilha que tinha na sua janela da árvore na janela da lapa. lembra?lembra do blazer?daquele menino em botafogo que eu troquei por um cartão postal seu. ficou na lapa no banheiro no lixo tenho qeu juntar meus pedaços tenho que comprar uma bota uma mochila tenho que aprender a trepar vou comprar cocaína. ps; e uma coisa dessa não pode ser cobrada.
my brodi joe, foi mal pelo stress. eu realmente ando muito stressado, deprimido, perdido, sei lá o que. voce nao tem nada a ver com isso, sem justificativas, simplesmente perdona. as vezes acho que nada melhor do que uma voz no telefone. mas queria te dizer, com toda a sinceridade, pra tomar cuidado com essa mistura de precipitaçao com falta de comunicaçao, porque sáo caracteristicas que podem explodir. a gente tinha combinado de montar um portfolio, eu mandei um mail pra voce e pra francine falando, dentre outras coisas, que achava aquele que voce me mandou meio bagunçado. e tu nao respondeu. entao me manda o outro que vc fez, please. eu fiquei de escrever dois textos. um sobre a errancia pro pessoal, explicando e pedindo coisas, um sobre a errancia pra editora, explicando coisas. to muito doido agora, nao tenho cabeça e nem estomago pra escrever. voces ficaram de escrever um projeto e de montar esse portfolio com as biografias mais uniformes, em terceira pessoa, ou algo do tipo. a gente junta os dois, o meu texto sobre o exilio e o portfolio e manda pra editora. pensava que era o combinado. montar um boneco com uma introduçao sobre errancia, falando de cartas e tudo, toda uma bagunça, com textos soltos e biografias em varios formatos nao acho uma boa ideia. melhor assumir o portfolio, que pode ser mais desconexo, com biografias uniformes, e sem uma curadoria - ja que antes, o boneco que recebi, misturava a minha ideia de curadoria com um portfolio numa forma de boneco frankenstein. achava que isso tava mais claro. só acho que se vc mandou pra editora, devia também mandar pra gente. se queria fazer um boneco e nao um portfolio, tambem comunica. porque eu sempre sinto isso em ti, essa precipitaçao que acaba misturando tudo. por exemplo: eu tive a ideia da curadoria e ninguem me disse que ela estaria tambem no boneco esquizo, sendo gasta assim no mais. porque nao tem nada a ver uma coisa com a outra. tambem nao vi no boneco que vc me mandou, na lista que falava do exilio no inicio do boneco, nao vi ali a preocupaçao de voltar às listas que fiz quando mandei os mails sobre deslocamento pro pessoal. e como voce disse que precisa "ver" alguma coisa, porque nao ver um portfolio? eu montei um dvd com trechos de trabalhos que fiz e ficou legal. portfolio, na verdade, é uma coisa que pode ficar bem bonita, e que é necessária pra gente, junto a um projeto, e sem a necessidade de um texto meu curadoria. portfolio + projeto é do que mais precisamos. creio eu. e isso eu disse há ja um tempo também. se a gente nao avança é por varios motivos juntos, nao só meus e nao só pessoais. prometo que assim que der eu escrevo o lance e mando. mas queria ouvir voce tambem. alguma coisa tua. foi mal, bicho, eu sei que quando a gente vai ficando intimo demais, a gente acaba misturando tudo, pixaçao com critica positiva, xingamentos com ideias concretas, enfim. como a relaçao entre estado e sociedade civil: mistura de politica com vingança. mas pensa nisso, bro, que assim como eu nao posso levar as coisas pro pessoal, pixando os trabalhos dos outros devido a um ego estupido caracteristico meu, acho que tu tinha que tomar cuidado pra deixar as coisas mais claras, na mesa, e nao se precipitar achando que tudo já está. é sempre a sensaçao que me dá. pues eso. um abraço,

? qué vas a hacer con tantos días que te sobran, y sobretudo con tantos días que te faltan?

sim sim ... é isso, o nosso tempo que nos escorre por entre os dedos, as presenças já nao mais físicas, o não sensório, mas presença e estado... ainda é puramente relação fluido e fluxo somos um pedacinho disso aqui e ainda um pedacinho daquilo la, digo nossa geração que viu tudo acontecer, e vive ela sabendo que um dia ja foi diferente, e assim, por sorte podemos nos embasbacar com tudo e fazer disso algo potente poderiamos trocar quem sabe cartas, pensar nessas coisas... podem ser outras correspondecias como preferir... vamos pensar o meio do entre para teu estar conosco (na revista) em fragmentos ou lampejos cibernéticos pedaços de concretude indícios são sempre impressões o que temos do mundo o mundo de fato não existe, flanamos dentro do que somos e vemos em reflexos (quem saberá?) partir por processo, e o não por ponto-porto de chegada... é um bom ponto de partida. um beijo e mais instigações p.S. para o amor não existem soluções viáveis; é por certo irremediável...
conversamos na quarta no brasão ela não gosta de ti ela guarda mágoas os aquarianos são foda mas eu te perdoo hahahahahha eu dizia no filme: tá pronto no mais vamos fazer as unhas agora volto a te escrever
querida "sempre estamos na eminência da partida, ou partimos de fato. O que nos faz querer partir? como é estar aqui, como é estar acolá, tendo o aqui no imaginário?" qual é o limite!? sim, acho que é nossa a instigação poética que se relaciona com essa idéia de desterritório de que fala o mil platos, rio de janeiro.são paulo,bourges,fortaleza... e as fotos skipe tbm, foto-skype.filme-skipe.filme-retrato como um espelho um feddback. "Espécie de cinema não reproduzível, ao invés de registrar, matar, congelar, intensifica a fugacididade do instante. Há toda uma estranheza inevitável, uma agonia e impossibilidade de comunicação. Toda interatividade é criadora de limites. O telefone não deixa a gente se ver. O skype não deixa a gente se tocar." muito antes de a televisão ser a janela por onde se ver o mundo, a janela era a moldura desse novo regime visual.de olhar e ser olhado. a rua!que é a rua? o carioca vive a janela. as colagens tbm pq são feitas com fragmentos desse discurso e-mails,cartas,fotos,papeis que fortaleza. emitiu - recebeu,trocou nessa distância,vertigem, errância querer perder-se,de ter prazer nisso ,de aceitar ser estrangeiro,desenraizado e isolado. perder-se em são paulo é vertiginoso.é como imergir-se na vertigem em si mesma. ---imobilidade doméstica,hipervelocidade noturna e o flaneur. perder-se de tempo perder-se para si encontrar? partir por partir pelo percurso-processo sem um ponto porto final.

email de amor

vc me pegou bem no meio da fim da viagem fui ao tigre de passegem, dessa vez, porque na outra foi o primeiro dia do ano nessa foi o trem da costa, parando em san isidro e o yuri, firmeza, dizendo que queria dormir por ali, sem bebedeira, só loucura da cabeça seu email em rosário perto do rio tb a argentina tem muita água em volta muita tenho sonhado com o mar perto invadindo a escrita com sua força e eu que escrevo de frente ao mar de biquini sem frio e vejo a água levar pra lá e pra cá meu computador branco reluzente com tanto sol (e nem se estraga porque é sonho) eu quero casar sim é um projeto de vida de planejar o implanejável mas dizer uma escolha absolutamente real, como real é o dentro que não vemos do corpo fico feliz que vc teve vontade de casar comigo que desperto o amor importante é despertar o amor a flor em fogo e manter lá tudo aceso acesso aberto queimando (ficou erótico, desculpa, veio assim o texto) porque tenho pensado nisso no amor fecundo o que ele traz porque há sensações que não são assim você captou minha vibração que felicidade a smith, sim, pode ficar bonito a lia está trabalhando com ela na review ai já viu né? LINDO e conta mais na nossa review que eu super acredito acho lindo 10 100 1000 adoro conta beijos em vc eu aqui dissertando beijos beijos queijos queijos já em são paulo essa selva ah, que saco, hahahaha ---------------------------------------------------------------------------
Marrocos é um país localizado no extremo noroeste da África, estando limitado a norte pelo Estreito de Gibraltar (por onde faz fronteira com a Espanha), por Ceuta, pelo mar Mediterrâneo e por Melilha, a leste e a sul pela Argélia, a sul pelo Saara Ocidental (território que controla) e a oeste pelo Oceano Atlântico. A capital do país é a cidade de Rabat. É o único país do continente africano que não faz parte da União Africana.
aliás, minha gente - e espero que isso não desvie muito tudo de uma vez por todas - morreu agora a pina bausch, de forma que fico pensando... sem michael jackson e nem pina bausch, o que será da dança no futuro?
arrumando tempo: pois é, eu andei pensando um pouco nisso porque aqui também perguntam um bocado - eu sempre pergunto, principalmente pros garçons e porteiros do rio, de onde eles vêm, mas é por já saber de onde... aqui pergunto por ter duvida sempre - quando alguem fala espanhol é mais facil descobrir de onde é, quando fala frances eu nao consigo perceber tanto. em barcelona o "povo" é paquistanês, e eu pergunto mesmo assim só pra travar comunicação. acabei ficando amigo de um, que me disse uma coisa que na minha ignorância eu nao sabia - eles falam hindú e escrevem hindú, ou seja, muçulmano só na religião - e nem tanto -, porque a identidade árabe não tem nada a ver com essas duas potências - turquia e paquistão. a turquia nem escreve mais em árabe... usa alfabeto greco-romano... enfim... a gente acha que os americanos sao idiotas quando dizem que a capital do brasil é buenos aires, mas por um acaso a gente sabe qualé a capital do marrocos? (galera, não é marrakesh e muito menos tell aviv, hahaha). a julia deve saber. pra variar a gente só olha pra cima (no sentido econômico do termo). aqui sempre peço pras pessoas adivinharem de onde venho - já que demoram horas. primeiro dizem polônia, depois alemanha, frança, russia, holanda... enfim. não sei porque os iraquianos, turcos, marroquinos, acertam sempre mais rápido. parece que percebem com mais facilidade que não sou europeu... acontece que tô fudido nessa - e foi mal por levar tudo pro pessoal - porque eu "moro" em barcelona (não piso lá há pouco mais de um mês) e "nasci" em paris (e fiquei só um ano). assim que... tenho que dizer que passei 22 anos da minha vidinha no rio, porque senão... o que as pessoas podem descobrir de essencial de mim além de que não sei falar francês nem catalão? morro de rir pensando nisso. nao falo a lingua da minha "terra natal" e nem a de onde "moro. afe... que caso estranho... no final das contas digo que nasci no rio - meu pai de sabinópolis (minas), minha mae de salvador da bahia, meu avô do acre, minha avó de serra preta (bahia), meu outro avô de fortaleza (ceará), bisavós de quixadá e sobral... mas isso é mais comum no brasil. eita... parece sessão de psicanálise. "de onde você veio?" e nao "de onde você é", talvez seja a melhor pergunta... besteira....
Demorô. Uma coisa, sobre translados e afins, que sempre me fascinou - nos EUA foi que eu percebi que eram sempre duas perguntas que te faziam, de cara: A primeira: "Where do you live?" A segunda: "Where are you from?" São duas perguntas muito diferentes, que nós fazemos aqui também, mas apenas quando o sotaque é óbvio. Lá fazem a pergunta meio que indiscriminadamente. Como se saber a sua "hometown" fosse revelar alguma coisa muito mais íntima e particular. Até hoje, nos lugares onde fui, cultivamos a nostalgia da "cidade natal". Seja como o lugar da onde fugimos ou como o lugar para onde queremos retornar. E às vezes, as duas coisas ao mesmo tempo. A relação de amor e ódio que os cariocas transplantados para São Paulo desenvolvem com o Rio sempre me impressiona. Sempre que estou em São Paulo eles, meus conterrâneos, fazem questão de enumerar todos os defeitos do Rio. Sempre me parece que estão tentando se convencer da escolha que fizeram.

caderno de viagem

BaAs - olhar de viés para Portugal; Arenales, 1987 8D Recoleta (todos os meus pensamentos estão no ar, circulando os prédios e os fios - recortes de céu) p.s. conversas imaginárias.
lulu,
andei pensando um pouco.
ando meio deprê e acho que não quis me expressar direito aquele dia.
talvez daí vc achar que me irritava com a discussão.
mas fiquei pensando:
se você tá afim de fazer uma parada sobre roteiro não aristotélico,
fiquei pensando no cuidado de não fazer uma oposição que sé yo,
no sentido de que muitas vezes se opor acaba sendo uma maneira de legitimar.
vê os filmes do straub, o NO QUARTA DA VANDA do pedro costa, tsai ming-liang você já deve sacar...
esquece esse lance do pedrinho ter feito um filme que é o ensaio de uma banda.
dependendo da maneira com que ele filma pode ser absolutamente alucinante.
e sobretudo chris marker.
eu sei que tu quer escrever sobre ficção, mas acho que o marker é sempre e muito importante pra pensar o cinema do pensamento-dissolvência.
e antonioni, do l'aventura e deserto rosso, que são, a meu ver, a maior influência do cinema chines atual - me refiro a ziang khe e ming-liang.
enfim. vontade de charlar essas coisas. talvez por estar um pouco longe de pessoas que pensam cinema e próximo demais das que fazem.
to afim de ir filmar umas ruínas com a ana. não sei se ela quer ir só comigo ou sei lá. mas pode ser uma d'a gente ir junto, tu topa?
acho que vai ser na terça que vem.
escrevi um roteirinho guia pra fazer um curta lá.
é um lugar infinitamente alucinante.
enfim.
não fala mal do deserto vermelho e nem do benjamin que eu nao esculhambo com o godard e nem com o cine de autor.
pra mim são justamente antonioni e benjamin os criadores do pós. das alegorias, do sol que nasce e se põe ao mesmo tempo, flor que abre e murcha, ruínas e edifícios em construção. eclipse.
godard é que é conceitual - moeda essa de dois lados.
viva fluxus, peter tchekarrsky y tudo o mais,
pra acabar com as barreiras entre cine experimental e cine narrativo.
como lou reed e yoko ono.
dark day.
um dia de chuva e casamentos de raposa.
straub marker rouch costa.
beijinhos,
amanha vou na filmoteca às 8.
qualquer coisa liga.
hasta,
<<<...>>>
<<<...>>>
eu acho, na real, que tudo isso começou com o cinema da balade, o cinema da deriva, do ser que vaga pela cidade, o cinema do flaneur. isso no sentido do neo-realismo italiano, mas principalmente com relação ao neo-realismo sem bicicleta - como bossa nova sem barquinho.
o cinema da deriva, como em tsai ming-liang, é o que mais me apaixona. nesse sentido lucrécia martel em la mujer sin cabeza. duas maneiras de oprimir o personagem. o plano geral que faz da mulher um ser diminuto na paisagem urbano-chinesa. o plano médio e proximo sem profundidade de campo, que distancia a pessoa da realidade-névoa.
o flaneur como maior concentração e dispersão ao mesmo tempo.
kiarostami. um homem pede informação pruma pessoa. não vemos a pessoa.
não sei se é no ATRAVÉS DAS OLIVEIRAS, ou no VIDA E NADA MAIS em que temos uma cena em que uma maçã cai no chão, só que o chão tá tão irregular devido a um terremoto que a maçã nunca repete um mesmo trajeto. ou seja, ela vai, volta por outro caminho, faz circulos, traços, nunca linear e nem circular.
nesse cinema o tempo se expande como o espaço após um terremoto. espaço atravessado por um personagem.
road (carretera) movie.
você já viu ALPHAVILLE, né?
ali por exemplo ele propõe a sobreposição de três tempos, saca?
o tempo circular do cinema francês, em que não saímos do campo/contra-campo das relações amorosas. o tempo linear do cinema de ação norte-americano. e o tempo caos soma dos dois.
daí os varios simbolos e titulos do filme - que são vários.
como em LA JETÉE em que o futuro se encontra com o passado. a modernidade das cavernas.
enfim, xuxu. na verdade tudo isso acaba se concentrando na idéia de imagem-tempo. com certeza o livro do deleuze vai te dar dor de cabeça e te inspirar. porque esse lance aristotélico já vem se quebrando desde há muito. o pré-cinema e o cinema impressionista francês dos anos 20 que o digam.
pré-cinema ao qual voltamos com o cine de atração. mas essa é outra história.
talvez não tenha tanta coisa de roteiro sobre isso porque são filmes que se dissolvem numa repetição expansiva não padronizada ( que sé yo...).
ainda acho que O PANTANO é total naturalista com coisas de cinema mudo e emile zola na veia. fatalismo total.
o corpo, o lance orgânico, a realidade que não pode ser apreendida como um todo, e ainda assim a sensação de que parece haver um mecanismo por detrás de tudo, uma espécie de deus louco que vai lançando dados...
da fragmentação à justaposição... da natureza ao símbolo e ao formalismo.
porque o que acho que mais falta nesses filmes todos contemporaneos é a idéia de um processo histórico, ou seja, de um realismo lukaksiano. num mundo onde não há mais sujeito clássico, onde o objeto se fragmentou e o sentido se perdeu, segundo benjamin, num mundo assim como acreditar num processo totalizante. a história se esfrangalha e se potencializa ao mesmo tempo. daí o cinema da deriva... o cinema da balade, segundo deleuze...
a impossibilidade de totalizações... a morte dos eruditos, dos santos, dos intelectuais, dos filósofos, dos ideólogos... depois da década dos necrológios (anos 80/90).
e ainda assim a religião, o mito, a aranha... como ausência.
afe...
te ligo mais tarde então.
dessas coisas falo por mail. de besteiras ao vivo.
beijonces milis,

papo sem papo

poxa! entraí no msn! uma coisa mais calorosa!
...
to na casa de um amigo
sem msn
vc pode entrar no bate-papo do gmail?
...
: uhuhuhuhu
beibe
vc é lindo
amo teus e-mails
ó
ontem o icaro começou la no blog
depois ficou todo transtornado
00:09 porque postou fotos que iam pra revista e vc chamou atenção pra isso
eu já tinha dito e ele disse que não entendeu isso
mas e aí que que deu
?
eu: eu vou tirar as fotos
valeu pelo elogio-amor dos mails
00:10 eu falei com ele
a gente stendeu
tenho que sair dois minutos
dois minutos mesmo
e volto
me espera
: ta
...
entra no bate-papo aí, meu
voltei
me empolguei aqui com um amigo
ele talvez escreva uma cronica sobre o deserto do atacama
enfim
demorei nesses dois minutos
volta!
...
: oi queri
eu: ooooi
01:44 : cara até esqueci
hahhahah
eu: haha
: o que eu ia falar
ah do blog!
eu: sim!
: vc falou que ia tirar as fotos
01:45 mas ficou tudo certo com o icaro?
: tirei
agorinha
ficou
eu falei com ele
ontem
ele tá adolescente... com "rajas"
entranhas
abertas
meio doido
: rajas é o que?
eu: daí a gente teve um papo adolescente
01:46 rajas... é tipo buraco, abertura, ferida, nao sei
entranha?
: entendi
eu: algo que conecta o interior da pessoa com o exterior
: bom, eu pensei em vc lendo um texto do blanchot
eu: senimtento-mundo, imagem-afecçao, afe... isso nao é um mail!
: sobre exílio
01:47 no rousseau
dentro do livro por vir
eu: mmm
: já deu uma sacada nesse livro/?
eu: nao
acho que tinha na estante do meu father
to lendo rousseau
les confessions
01:48 : puxa é sobre esse que le fala pra caramba
!!!!
vc ia amar
por que ele fala do isolamento do rousseau
eu: uau
: como uma necessidade
literária
a questão da ausência
quer dizer
01:49 eu: cara
a diana me mandou agora um mail
: acho que vc acharia o blanchot meio essencialista demais
eu: sobre o exilio na lit do caio fernando abreu
foda
da mono dela
lindo
: pra revista?
01:50 eu: ela mandou pra me castigar
preu ler uma coisa enorme ja que obriguei geral a ler as minhas
hahaha
mas a ideia era ela extrair algo da monografia
ou sei lá
mas tá lindo
oo ensaio dela
sobre exilio e deslocamento
e literatura
01:51 : mandaí pra mim tbm!
será que pode?
eu: te mando agora
: legal
eu: mandei
a érica virou o quarto elemento
01:52 muito bom
: valeu, sim!
eu to gostando do blog
eu: eu tb
: acho que dá mais força
01:53 eu: acho que o ícaro podia escrever um texto pra geral falando
mas acho que ele ta sem condiçao
: eu posso escrever
a gente so tava esperando o blog estar mais acabado
01:54 eu: entao espera
sem problem
tem tanta coisa...
penso na questao do espelhismo
: bom, mas acho que do jeito que tá tbm já ta quase acabado
eu: da cidade como deserto
e do deserto como labirinto sem centro
: a galera já pode ir vendo e metendo a mão
eu: tantas imagens
01:55 : cara eu queria escrever algo mais alem do poema que ja vai
mas num ta rolando
eu: e o lance do julio verne... o chris marker fala das ilustraçoes do julio verne... o chris marker tem um livro de fotografias da china... enfim... talvez paris me de umas ideias...
tem um livro que é muito referencia pra mim
que se chama MUTATIONS
do rem koolhaas
01:56 : achei sua ideia sobre o cosmopistas ótimo
mas eu não litodo
eu: acho que tinha que ter...
: teria que ter tempo
eu: nem eu
: qual é o nosso prazo afinal?
eu: a gente poderia misturar cortazar e julio verne... até porque ele mistura... e tem a volta ao dia em 80 mundos
01:57 cara
deixa eu ver
texto sobre cortazar com recortes verne
a érica deu o sim
01:58 no dia 20 de junho
assim que o prazo é 20 de julho
mando um mail avisando
voce viu a ultima coisa que postei no blog?
essa coisa da flavia-yo pode ficar linda
01:59 : só um minuto telefone tocou
eu: quero fazer um filme tambem só com imagens de aviao pousando (imagens que filmei pousando em brasilia, em fortaleza, em barcelona, em paris...)
02:00 em sao paulo
02:02 outra coisa: voce nao se incomoda com as referencias pessoais do blog? (principalmente as do icaro). porque se quiser escondo melhor os nomes. se nao nao. ou melhor, esquece a pergunta
02:05 : beibe, voltei
eu: mmm
: cara eu acho que tem coisa que tem que deixar anônima e tal mas tem coisa que não tem problema
eu: falo só do que ele fala mais diretamente de ti
vc tem acesso, né?
é só mexer
: ele fala? onde? nas últimas?
eu: e tem um filme que eu fiz aqui no metro de barcelona
02:06 e um amigo que vai fazer um filme no metro do rio
vai ser lindo juntar
: vou ver lá, mas sim, eu tenho como esconder tbm e se achar muito expositivo eu tomarei a liberdade de esconder
e quem é esse diegues que vc comenta?
02:07 eu: diegues?
meu deus
aonde?
: não foi diegues?
hahahahahha
peraí que eu vou ver o sobrenome do homem que vai traduzir
sei lá o que
02:08 que vc fala
eu: eu falo com a julia pra ela traduzir...
tem o lance de um texto da memoria sobre um cara que traduz um poema do poe
pra portunhol
02:09 douglas diegues
sim
ve na net o blog dele
tem coisas legais
acho que é de florianopolis
outra coisa:
quanto ao blog
acho que é legal estar sem nomes
mas acho melhor numerar as cartas
02:10 saber qual vem antes e qual depois
ou nao?
acho confuso
: ou ter datas, né? tbm pensei isso
eu: datas
sim
melhor
eu ponho as datas, vcs poem... ai, o tempo
eu to fudido, xuxu
tenho entrevista da minha vida em ingles na terça
: hahahahah
vai arrasar
02:11 eu: ...
don´t know
bom
na real é isso
melhor eu ir
amanha dia longo
procuro o blanchot
02:12 tenho mais pessoas para convidar
: si si si
eu: um amigo argentino de 60 anos
que viveu exilado
e quer escrever um texto sobre o deserto do atacama
outras pessoas
enfim
beijaozaozazao. ok? sacou? valeu?
02:13 tranquilo?
: sim super
BEIJAO
eu: hasta

ismo de um só

po, cara, legal o texto sobre o livro. você já deu um pro meu pai? imagino que não. se não me manda, pelo menos dá um exemplar pra ele e um pra kátia. eles são ótimos difusores e leitores com certeza. a katia saca muito de literatura... enfim. liga pra ele e combina - não esquece. 
to em lille. cidade-país-neon fronteira com a bélgica-holanda-alemanha. lille vem de l'île que vem de ilha, isla, island, iceland. 
e eu aqui no wi-fi (se fala uí-fí) do macdonald's na grande place. uma coisa assim super-pós-mô.
vontade de escrever um poema gigante sobre paris que andei pensando. andei pensando, digo, literalmente, de pensar andando. vou começar agora e depois te mando.
um beijo grande nessa sua bunda violenta.
da família do barulho.
 - quedê lena?

salvin road

cores, nomes

duas coisas voadas:
pensei na possibilidade de facilitarmos a associação-processo entre os textos do blog (sem colocar os nomes das pessoas), de duas maneiras:
- colocando as datas.
- organizando os textos por autores de acordo com cores (tipo: eu azul, ícaro rosa, fernando preto, julia vermelho, etc - de forma que as pessoas possam ir juntando pistas se quiserem, e de forma que podemos ver o processo nao só do grupo todo (de acordo com as datas), mas tambem de cada individuo. aliás, pode ficar muito feio tudo colorido. haha.
outra coisa: se os links permanecerem em branco, os textos antigos vao desaparecendo, ou vao ficando dificeis de ler. assim que acho que os links das datas e dos nomes dos textos tem que ficar em preto. posso fazer tudo isso na semana que vem, se voces quiserem. depois é legal deixar aparecer o user profile, de maneira que podemos acessar o blog das outras pessoas através desse blog. blablabla.
na real: ta muito lindo. a ideia do blog-processo-revista é maravilhosa. a concretização tremenda - de tremendo mesmo.
beijundas,
fluorsforecente
P.S.: impressionante como os franceses têm fetiche por neon. lille é pequena e ainda assim mais que bombardeio. paris nao é a cidade da luz, é cidade-neon. escrevi na minha cabeça uma poesia imensa sobre paris. mas nao tive tempo pra escrever. caminhando até acabar com a sola do sapato. dormindo em pé na rua andando.
chêro!
...
a coisa das datas, acho que pode ser legal, apesar de achar que tbm não organizar cronologicamente alguma coisa nessa vida pode até ser bom. 
mas, a coisa das cores... sei não... deve ficar meio esquisi, será que não é legal assim, de maneira que vai se percebendo quem escreveu o que pelas sutilezas? não se torna um jogo? onde a gente repara o jeito que cada um fala, e através das pistas que aparecem vez ou outra quando citamos o nome de um ou de outro? será que essa indistinção não colabora para invenção de um registro de processo menos documental e mais dirigido para o devaneio? digo, a gente situa menos na realidade, fica mais aberto, menos biográfico, até quando entramos em intimidades, ícaro, por ex., (talvez eu tbm) tem investido nessa perda de discernibilidade real-ficcional nos últimos e-mails que escreveu, não e-mails diretamente relacionados a revista, mas que por alguma razão estão publicados no blog... será, inclusive, que nessa voz coletiva não nos permitimos ou nos permitiremos sermos outros? mais desgarrados, talvez? 
sei não...
beijuras

mutter mutter mutter

ok, mutter,
recebi. imprimi. fiquei amigo do iraquiano do locutório. liguei pra mathilde. fico na casa dela a partir de amanha sete da noite. te ligo avisando do resultado. to confiante. agora estudo. agora vou dormir. meu sapato ja nao existe de tanto que caminhei em paris. de gambetta a bercy. de bercy a sorbonne. de sorbonne a sebastopol. paris é cidade-neon. amo aquela merda. é grande de verdade. vejo lille e penso no tedio que enfrentaria morando aqui. mas ia ser bom pra me concentrar. escrever-editar-viajar. tudo uma coisa só. vai atras de um livro chamado caminhando no gelo, do herzog. voce amaria.
um beijo bunda,

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sexta-feira, 26 de Junho de 2009 crackup

(assistente de edição: I caro) Procurando por fotografias de quando fui loiro e tive pai estava descontrolado nervoso por saber que há menos de um mês estavam pousadas pronunciantes na cadeirinha branca, agora já estou atrasado para a companhia já procurei em todos os lugares bolas. Começo então a cogitar o absolutamente insólito, por entender que o mundo é bravamente minoritário e esperá-las no ralo do chuveiro, debaixo do armarinho de temperos e entre as antenas do televisor. Por fim adormeço no colchão C r a c k vupt, parece que ouvi um barulho debaixo do armarinho, mas não podem ser mais baratas, por deus que não! É antes como algo arranhando a madeira, de leve suave pouquinho só algo pequeno, mas já parou o barulho. Encosto os joelhos vestidos ladrilho morno cozinha com o vapor de ervas do chuveiro, colo as mãos e o rosto ao chão, respirando de breve aquela entrevista de mato do hemisfério norte, pensando então só um milissegundo em como as nossas casas não são nada tropicais, e daí olho por debaixo do armarinho de temperos, o único móvel da cozinha, abro os olhos olho para frente. Descobri hoje que o meu cachorro Toquinho, dado morto desde há onze anos com o diagnóstico de cinomose esteve vivo todo esse tempo escondido num buraco enorme de um azulejo todo solto por debaixo armarinho vivendo como não sei de que O seu pêlo está amarelo como os meus dedos talvez até mais cego feroz já não me ama. Postado por Camila às 17:55 0 comentários Quarta-feira, 17 de Junho de 2009 (projeto de vida para a lei rouanet) Sinopse decidir dói as costas mais fácil chover idéias opostas. Justificativa (máx. 3000 caracteres com espaços) Eu entendo hoje a vida segundo uma série de exercícios práticos, que se articulam sem resultados efetivos, de características insondáveis e caráter duvidoso. O exercício tão antigo de ser outro já não me basta eu tenho de ser to dos eu tenho de ter tu do eu tenho que sondar as já remotas possibilidades. Porque é tão difícil encontrar-te eu tenho de subsistir de formas inteiramente novas, o exercício de ouvir como um sabiá, de entender os números como uma criança, o de abrir as arcas como um moribundo. Essa lucidez de que me exercito just keeps me going. Eu, que por tantas vezes vacilei, que pela memória experimentei o horror, que pela minha feiúra experimentei a solidão dos coxos, hoje já não posso pensar em morrer como silvia ou como ana, não sem antes exercitar-me no ofício de um diminuído mestre kung-fu com os anos, metro e meio dos altíssimos picos nevados enevoados verdes flores picos chineses próprios ao kung-fu. silvia & ana, sisters in time, eu não entendo porque morreria ana senão por amor a silvia, ai é tão fácil sentir saudades de silvia sendo ana, tendo sido ana pressentindo ana. As duas acadêmicas incalculavelmente prodigiosas, eu que larguei a faculdade pelo exercício de botar-me sozinha todo o tempo como se daí necessariamente surgisse algo incrível tenho mais é de olhar-lhes o exemplo e pensar nele, veja bem, as duas escreviam nos intervalos dilatavam os intervalos com uma força imperiosa. Acho, contudo, que a mim não servem os intervalos. O meu corpo é grande e kapha dilatado em carnes, funciona quando quer, de modo que eu demoro um monte para realizar as tarefas mais simples, ponto para silvia porto paraná. A vida inteira é pouco (tempo) para a dimensão de minhas auréolas lunares, para os doces arcos da minha ousadia, pelo amor que tenho em admitir mudanças bruscas e sempre, e do meu amor por tu to do everything. Os anos passaram sem que eu tivesse atinado para esse simples modo, para o que tenho de jovem e de próprio, e fresco, mas eu não me ressinto mais de tê-los perdido, porque today i think of myself as blank sheet e eu tive que subir lá no alto muito alto tão tão alto e já não há como descer senão voando e não há como voar senão querendo. Bocejo. O mundo é todo muito risonho. Cochilo. Delícia. O meu ressentimento, a minha histeria descontrolável os meus espasmos o meu amor ferrenho falso amor para o Krishnamurti só fogo no rabo, esse amor possessivo ignóbil inegável, a minha carranca, a minha indisposição para acordar cedo e também o totem da marginália, as opiniões que defendo às lágrimas e sobre as quais secretamente me questiono ainda, tudo não passa do meu só meu de tu do exercício de subjetividade histriônica vista pelos redondos olhos de uma cobra-cega. Por entender que no fundo a vida é bonachona e belíssima, coisa que só os meus amigos mesmo meus amigos digeridos testados aprovados exaustos exaustivamente beijados repetidamente amigos, as ternuras de meus lábios me ouvem dizer, bem-querer a porra toda. Mas as palavras de verdade são sempre feitas para preencher silêncios (óia o HEIDEGGER, cartalografria biblioginecológica ao melhor gosto de silviana p.261) é por isso que eu digo, bobinho, que a vida é uma merda (mas bem juntinho bem pertinho aqui de mim eu pisco um olho e durmo em paz). Tratamento anti-concepcional To make better use of your life keep smiling, beije e fascine, seja leve loira lute. Eu tenho medo, ó silvia, ó ana, de não suportar as terríveis experiências que me têm aturdido e é por isso que os carinhos serão sinceros, livres, desimpedidos. Tomara mesmo viver até os três mile dois, mais de trinta eu quero sim para conhecer a alegria suave de saber lidar com gente e bichos, para jamais ser de novo confundida por tão nova, por curiosidade até, por que será que será e pelo óbvio de que será o que será e ponto. Me resolvo, hoje ó p.4 de abril num exercício ininvalidável de doçura na extinção da frieza e da apatia, um compromisso em ser gente boa. Será que eu me esqueci de alguma coisa? Postado por Camila às 06:50 2 comentários Terça-feira, 16 de Junho de 2009 (padrecito) aluga-se tratar com pamonha gasolina gás injeção 45km para, capas p/ sofá, peças para automóvel PARE PARA automóvel peças para automóvel no posto de gasolina o cheiro de esterco comida e queimado, me deixam fazer a minha primeira ligação enquanto os meninos sentam no balcão para ver a novela das seis, oh my god. Eu não tenho para quem ligar nem o que dizer, eu sento no balcão também de mãos atadas e ninguém olha para mim. Estou feio e sujo, tão sujo, sou só sebo a pele começa a se soltar dos ombros a virilha coça o rosto brilha o fedor de dias eu ostento como uma digna novidade a todos os novatos que têm a idéia de me falar (“tão magro, pobre! quer um pão? te pago um pão amigo, pão e café” “sou magro de triste” “arruma ocupação pensa em ti” “sou magro há tempos” “não há dia que não seja belo! vem que te pago um pão!” “sou magro de família”). Pela lei da fome pela lei do homem nunca mais vou ver my baby e me enviam de carreta ao coração das trevas. Para cada vez que penso cada mísero detalhe que me ocorre a cada um e são demais eu arranco um fio de cabelo, para cada vez que penso em (mendigo cabeludo não faz carreira). Eu atiro a cabeça na janela do camburão e sonho com as mocinhas da beira da estrada, com seus pescocinhos queimados com suas saias de malha, debaixo de anúncios e placas me olham com medo, estou só de passagem. São tantos os dias é impossível pensar nesse calor as minhas mãos atadas por deus, tudo que eu peço é de volta a graça do tédio, de que me privou o crime. As horas vagas do campo cerrado o carro sobe e desce veraneio velha, meus olhos não abrem é impossível pensar com tanto sol, veraneio velha, eu arranco um fio de cabelo com o dedo mindinho da mão atada à outra e bato com o cocuruto no teto, veraneio. São tantas as horas, o castigo é mordaz, de olho apertado o bigode coçando o cheiro de pólvora do calibre do inimigo, a fumaça que sai do cano do carona tem o meu signo e a minha bênção, e para cada preá morto de jogo por meus capatazes eu tenho de arrancar mais de vinte cabelos. Nunca tive paciência para bichos nem para crianças, sou taurino do dia dez, gosto do cigarro Hilton e meu deus, o sol depôs a minha retina queimada o olho vermelho duro seco eu vejo tão pouco um único ponto embaçado onde decodifico as cores do céu e dos anúncios da estrada, deste céu estrangeiro que não ilumina my baby. Eu me descolei da vida como uma cigarra que abandona o esqueleto. Atirado na terra, a garganta e os ouvidos cheios de terra, eu ouço os sons da velha casa, as mãos cravadas no chão eu sinto entre os dedos as formas domésticas, do seu corpo estragado seu corpo viril corpo sem qualidades. As gargalhadas dos velhos, saídas de entranhas tradicionais e ariscas, de entranhas que nunca viram a luz resistem há tento sem qualquer retorno efetivo, as gargalhadas cessam com o tempo mas eu jamais voltarei (a vê-la). Caído no chão o único argumento é o pulso insistente das minhas próprias entranhas, estas sim ansiosas pelo dia e pelo mundo, de tanto me ouvirem ruminar as suas maravilhas, pobres não sabem que este mundo não é mais o mundo de my baby. Jogado na terra, à margem da metrópole eu compro seu carro compro ouro pamonha gasolina capas p/ sofá trago de volta a pessoa amada amanhã em 3 dias em 3 dias 33 dias 3 dias 333 jogado na terra não há onde ir de que se riem os desdentados? Eu não entendo nada eu entendo tão pouco eu venho de longe eu sou magro gosto do cigarro Hilton eu solto pipa na rua de terra, eu mesmo desdentado só choro durmo evacuo como poucos, o seu útero quente é vácuo, brilhante auréola morada predileta faz tanto tempo e eu arranco um fio de cabelo. Eu chego assim em corpo aos subterrâneos me aguardam as cigarras debaixo da terra, no frescor da terra, pela hora de voar, eu me torno mais feliz quando retorno (mas para que, mas para onde?). Postado por Camila às 03:44 1 comentários Marcadores: livro, mimi e pompom Assinar: Postagens (Atom)

Alarme transparente Luiz Guilherme Barbosa*

Quando lemos o primeiro livro de um poeta desejamos sempre localizar sua diferença, em busca de um esboço da singularidade da obra que começa. Os livros seguintes experimentarão novas formas, novos tons – matizes, mas podemos começar a reconhecer no primeiro livro aquele estilo, modo único de esbarrar nas palavras, do qual o poeta não terá como abdicar. Fernando Rodrigues, em seu “livro (precário)”, imprime, já no título, a metamorfose de seu próprio nome como quem buscasse, pela poesia, corrigir a nomeação de si: Fordismo de um só, título isométrico e isorrítmico ao nome do poeta, com a semelhança das respectivas primeiras sílabas, ainda traz, colada à capa de cada exemplar concebida por Ícaro Lira, uma fita adesiva vermelha e transparente atravessando verticalmente o mapa da zona sul carioca. Por essa fita, sua poesia apresenta-se como uma espécie de gesto para a transparência do alarme para o qual o verso “uma sirene que grita de dor” é emblemático. A articulação das epígrafes de Deleuze & Guattari e Caetano Veloso anuncia poemas sob o signo dos insetos, o que implica a inserção da obra numa poesia que propõe o poético pela reversão: em lugar da vocalização melodiosa e metafórica dos pássaros, são as fricções sonoras dos insetos que imprimem uma tatilidade à voz capaz de evidenciá-la por si mesma. A disposição dos títulos dos poemas, registrados na parte inferior das páginas, somada a uma tendência à contenção na distribuição de versos por estrofe, valoriza a visualização das palavras, contribuindo para uma maior plasticidade da leitura. As fricções dos insetos, nos poemas de Fernando Rodrigues, ocorrem incessantemente pela mescla de diferentes níveis de linguagem, não sem humor. Há, por um lado, uma babelização da linguagem, que tanto reflete línguas, livros e canções (inglês, espanhol, latim, francês) quanto experiências linguísticas do cotidiano da cidade, como no título de poema “Gógol no google”. Estruturas próprias da fala são bastante recorrentes, tanto construções sintáticas quanto interjeições. Somem-se a isto as sequências sonoras de caráter cômico – ou melhor, as tiradas vococômicas –, as colagens de versos e de slogans, as rimas, neologismos e o mecanismo palavra-puxa-palavra que conhecemos de outra poesia. As melhores passagens desta poesia são aquelas que buscam a simultaneidade deste universo de referências: “fiat punto / você no controle // êpa // punctum” ou “mas agora pensolto / olharalém que se encaminha prum fade-out” ou “veja na enciclopédia livre / den fria encyclopedin // livre, fria: sugestivo, não? // não?”. Estes e outros versos parecem insistir num nivelamento discursivo entre palavras, neologismos, referências, línguas, tons que retira seu humor justamente da diferença de origem dos discursos. Fordismo de um só (ou Fernando Rodrigues) constrói-se como passagem dos fragmentos na linha de montagem composta por única etapa que, por isso, só pode construir objetos inacabados. O ótimo prefácio de Lucas Parente já o reconhece: “E tudo isso citação: apontamentos – mistura de atos (apontar e anotar ao mesmo tempo)”. O poema “Ventilador toma partido de ‘Mundo mundo vasto mundo’” termina com os versos “cê pega o que já existe / (pois tudo já existe) // cê pega isso tudo e movimenta / sabe? assim quero meu poema”. A coesão deste “isso tudo”, aquela mescla discursiva, é dada pelo tom enunciativo da fala. É ele que permite a sustentação de versos tão vazios semanticamente como “tá bom / taco água na goela // o quê? // nada, não”. A beleza da precariedade de certas passagens como esta, além de apontar para o sentido exclusivamente contextual de tais versos, reside na relação que esta poesia estabelece com o acaso. O poema liminar de Mallarmé (Un coup de dés jamais n’abolira le hasard) representaria uma questão resolvida em versos para este Fernando que “nunca deu certo como poeta concreto”, segundo a nota biográfica presente no livro. No poema em prosa “Mercado negro”, lemos: “não tomo partido do acaso – todo livro o prova. não tomo as rédeas – meu cavalo voa. se não há trajeto, não interpreto. memória: função inútil.” De fato, a função das referências presentes no livro não se confunde com aquela função própria da memória – a lembrança. Do pássaro ao inseto, são as associações da memória que interessam como modo de, movimentando “isso tudo”, nivelar discursivamente passado e presente, referência e neologia. Tomar partido do acaso já é, de algum modo, perder-se na ilusão de controlá-lo. Talvez possamos pensar que esta fixação da voz poética pela fala como modo de lidar com a contingência do poema e como modo de articular a mescla dos registros discursivos situa Fernando Rodrigues numa sutil confluência entre aquela poesia dos elementos cotidianos do nosso Modernismo, os poemas performáticos de Waly Salomão (presença na dedicatória e em pelo menos um dos poemas) e a absorção da memória cultural pelo poema própria da obra de Haroldo de Campos (que aparece pelo menos em uma das epígrafes). Os poemas de Fernando Rodrigues nunca perdem a consciência do artifício: “simulacro do aleatório”, desejam abarcar tudo no esquecimento do que tudo seja. Por isso seu alarme é transparente, em vez de absoluto e estridente – poesia, alarme de si própria, pois tudo que “sopra na janela, vem de volta / composto de acaso emaranhado / cujo intervalo é branco nada”.

gente, porque sou vaidosa

fiquei pensando se não mudo a foto vcs estão tão bonitos... leonardo, nos conhecemos no rio em 2005, e nesse rio desse ano comprei o vilas-matas um puta escritor. lá venho eu com a frase mágica: eu escrevi um artigo sobre esse livro e o fernando pessoa em 2007 se interessar eu mando adoro o vilas-matas um pena, queria estar no rio buena onda e me encontrar com vcs emily dickinson: "Se ando a ler um livro e ele torna todo o meu corpo tão frio que parece que nunca lume algum poderá, alguma vez, voltar a aquecê-lo, sei que é poesia. Se eu sinto, fisicamente, como se o alto da cabeça me estivesse a ser arrancado, sei que é poesia. São estas as duas maneiras de que disponho para saber. Haverá outras?" (p.57). bez
Bem, quanto a juízo de valores, não faço nenhum. Faço o juízo mais cretino ainda, que é o do gosto e o da vontade. Eu gosto de boa literatura. Independente de assunto. O fato é que a maior parte dos escritores de não-ficção estão mais preocupados com literatura do que os escritores que escrevem teses. Talvez isso seja até um fato. O meu problema é quando começa a se julgar um texto como ideia, como argumentação, e não como texto. As pessoas que escrevem texto, seja sobre uma tribo de índios ou sobre um personagem inventado, estão concorrendo na mesma categoria. Espinoza está concorrendo na mesma categoria que Tostoi. E é isso aí. Se você me perguntar quem é melhor literatura, eu vou te dizer que, EU ACHO, o Totó. E é ele que eu vou ler, pois me dá mais prazer. Hedonista que eu sou. A boa argumentação e as boas ideais não fazem bons textos, necessariamente. Textos são uma forma de arte, e os textos sobre arte só são bons quando eles próprios são arte. Falando de cultura popular...Eu não consigo entender "o povo" sem estar inscrita nele. Eu sou a porra do povo. Todo mundo é o povo. Não entendo "o povo" como as massas sujas que passam a vida na condução ou no serviço. Vai ver que não entendo simplesmente porque não quero entender. Vai ver é verdade e eu sou cega. Quando eu falo de cultura popular é lógico que eu gosto mesmo é de ligar o "erudito" e o "popular". E, assim, desfazer os muros entre essas duas coisas. Entender o "popular" com boa vontade é uma cretinice. Querer justificar o funk antropologicamente é uma idiotice. Ninguém justifica Bach antropologicamente - o justificam como música. Então porque não justificar o funk como música também? Tudo que pobre faz precisa ser estudado sociologicamente? Não se pode estudar as letras de Caymmi e Roberto Carlos da mesma forma que se estuda Guimarães e Lautreamont? Pq não? Você pode, com as ferramentas certas, estudar futebol e samba pelo resto dos seus dias e descobrir tudo que é possível saber sobre a natureza humana. Eu acho que é um erro pensar que todas as manifestações culturais populares são desprovidades de pensamento, de arquitetura, que são espontâneas e ingênuas. Claro que não. Demoram gerações e gerações para serem concebidas. Gerações e gerações. O que me incomoda é o eterno embate entre o popular e o erudito, essas oposições todas. As oposições me incomodam, de forma geral. Isso ou aquilo, aquilo ou isso. É tudo a mesma merda. Todo mundo tem que pensar. Tudo é pensamento, é lógico, o meu discurso, se é que é um discurso, não está negando isso. Mas vamos pensar sobre o que nós estamos pensando, e pq não estamos pensando em outras coisas. Tá, isso não fez sentido, mas eu não sou uma pessoa que constroi o pensamento de uma forma muito consciente. - Mostrar texto das mensagens anteriores -
Só mai um pouco: sobre a relação entre a obra poética e as leituras do poeta, leituras nem sempre de obras poéticas, basta a gente lembrar da série de três filmes do Ícaro sobre as -péias do Ezra Pound.
Queridos, continuo a discussão porque acho que se a gente souber aproveitar esse tipo de oportunidade, sem mesquinharia, sem eguinho, a gente pode crescer muito. Antes mesmo que leiam, peço respostas, porque me arrisco num terreno perigoso. É o seguinte: O Waly diz que o poema deve ser uma festa do intelecto. Isso não iguala o poema a uma dissertação de mestrado, essa seria uma auditoria fiscal do intelecto. Mas é uma festa do intelecto, ou seja, o poema não deve abolir a reflexão. Sim, aprendo tanto com o Carlo Ginzburg quanto como Perceval, tanto com Deleuze quanto com Kafka, não vejo sentido em separar a obra poética da aquisição de conhecimento. Toda obra traz uma tese por trás, quer a gente queira, quer não. Para os bons observadores, isso é patente. A tese pode ser mais elaborada, mais próxima da criação (a poiesis propriamente dita) ou não, vincuculando-se nesse caso às verdades prontas, ao censo comum. Isso não é necessariamente um problema, porque há espaço para tudo no mundo, mas caimos inevitavelmente na questão dos valores. Particularmente, valorizo as obras que despertam resultados mais inusitados, mais originais, porque acredito que esse tipo de obra se aproxima mais do sentido originário da poesia, do seu sentido mais profundo. Essa originalidade não pode ser alcançada senão através de uma reflexão cuidadosa que ultrapassa o espaço do poema, uma reflexão de vida, sobre a vida, sobre as coisas e os conceitos, que também são coisa, talvez hiper-valorizadas, mas são coisas. Isso supõe um trajeto, uma paciência, um esforço, e não exclui a simplicidade, muito pelo contrário. Só acredito na simplicidade alcançada como resultado de um trajeto através da selva da complexidade, da obscuridade dos dados de realidade. Todo bom livro analítico prova isso: primeiro o autor se depara como um bocado, uma imensidão de dados embaralhados, depois vai organizando eles até chegar a uma fórmula simplérrima. Uma simplicidade que não reconheça o complexo não é legítima. Aliás, só acredito nas coisas que reconhecem seu contrário. Uma pessoa só sabe o que é a delicadeza depois de conhecer a brutalidade. Uma delicadeza que não reconhece a brutalidade é fake, pose, código de distinção, e não um estado que se alcançou e que se buscou. Daí a importância da errância, do trajeto. Daí o perigo de nos precipitarmos em conclusões apressadas e inevitavelmente capengas. E isso não é uma coisa à toa, essa é a origem do totalitarismo. Exemplo: homossexualismo é contra Deus. Resposta rápida, resultado nefasto: pode-se investir contra os homossexuais com o apoio da instituição telúrica que representa o poder de Deus, a igreja. Isso acontece muito nas Igrejas Universais da vida. Suprimir o trajeto é perigoso, muito. É a questão do estímulo eda resposta: prolongar o trajeto entre um e outro é uma forma de aprimorar a resposta, de torná-la mais satisfatória. A simplicidade que não reconhece a complexidade, a identidade que não reconhece a alteridade, tudo isso só pode degenarar em incompreensão e silêncio, e não se trata do silêncio do Antonioni, e sim do silêncio do Geisel. Não um silêncio pleno, um intervalo natural entre duas coisas, mas de um silêncio imposto, que suprime a possibilidade de inovação das coisas. Quanto à questão povo, é bom que a gente preste atenção no fato de que na grande maioria das vezes, sua simplicidade não é uma opção estética, mas o resultado da impossibilidade de um auto-cultivo. Não é uma liberdade, mas um cerceamento. Trazendo pra vida cotidiana, falo da galera que trabalha comigo. Muitos deles são inteligentérrimos, mas dedicam oito horas por dia a atividades inúteis, como ficar em pé na porta da livraria evitando que afanem os livros que deviam mais era liberar pra afanação. Isso fora três horas que gastam indo e voltando do trabalho. Têm um fim-de-semana por mês. Ganham em torno de 600 reais. E muitos, a maioria, bancam essa rotina desde bem novos: quatorze, quinze anos. Eles não têm muita oportunidade pra ir além de samba e futebol, quase nenhuma. E não falo da relação entre salário e valor de livro, enfim. Foi mal, galera, não queria pesar com esse discurso sociológico. Acho sociologia um saco, mas se a gente não prestar muita atenção nessas coisas, corre o risco de tratar equivocademente a idéia de simplicidade, tendo o povo como guia, lembrando sempre do povo, mas sem olhar nem por um instante pra ele. Tudo vira fetiche, uma coisa fria, distante e fragmentária. Todo mundo tem o direito de ter fetiches, tenho vários, mas acho que quando a gente traz eles pro nosso trabalho, acho que a gente deve manter eles sempre bem vigiados, pra que não assumam mais poderes do que lhes cabem. Ainda sobre a questão simplicidade/povão: vejo dois paradigmas na releção entre arte e cultura popular. Um é o Nelson Rodrigues, outro o Guimarães Rosa. Gosto do Nelson, o Vestido de Noiva é fodaço, mas na maioria da obra acho que ele trabalhou com o que no povo fecha: o moralismo, a neurose familiar. Já o Guimarães trabalhou com o que no povo abre, no que nele é criatividade, afinal de contas ele é a grande fonte mesmo. Seu escopo são as fábulas (não moralizantes, mas como paradigmas ficionais), a inovação linguística, a sabedoria de vida, outra coisa. Desabafei... Por enquanto é só. Beijos.
Pensei em me juntar a vocês, mesmo sem convite....mas tem jogo do Mengão e depois vou no show do Drexler.
Ícaro, me passa o contato do ópio, e anota o número: 9100-8208. estarei bebendo mais tarde, início de noite, num boteco em Botafogo. então eu consegui te enganar, foi? eheh... abraço,

azul

. video-poema de iuri nicolsky para fernando rodrigues

domingo, 28 de junho de 2009

presta atenção nisso: "Já não olho nos olhos da mulher que tenho em meus braços,mas os atravesso a nado, cabeça, braços e pernas por inteiro, e vejo que por detrás das órbitas desses olhos se estende um mundo inexplorado , mundo das coisas futuras, e desse mundo qualquer lógica está ausente... O olho, liberado de si, não revela nem ilumina mais, ele corre ao longo da linha do horizonte, viajante eterno e privado de informações... Eu quebrei o muro que o nascimento cria, e o traçado de minha viagem é curvo e fechado, sem ruptura... Meu corpo inteiro deve tornar-se raio perpétuo de luz cada vez maior... Selo, então, meus ouvidos, meus olhos, meus lábios. Antes de me tornar novamente homem, é provável que existirei como parque... Henry Miller. Tropique du capricorne. Chêne, p. 177. . ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Em seu rosto e em seus olhos sempre se vê seu segredo. Perca o rosto. Torne-se capaz de amar sem lembrança, sem fantasia e sem interpretação, sem fazer o balanço. Que haja apenas fluxos, que ora secam, ora congelam ou transbordam, ora se conjugam ou se afastam Um homem e uma mulher são fluxos. Todos os devires que há no fazer amor, todos os sexos, os n sexos em um único ou em dois, e que nada têm a ver com a castração. Sobre as linhas de fuga, só pode haver uma coisa, a experimentação-vida. Nunca se sabe de antemão , pois já não se tem nem futuro nem passado. "Eu sou assim", acabou tudo isso. Já não há fantasia, mas apenas programas de vida, sempre modificados à medida que se fazem, traídos à medida que se pois já não se tem nem futuro nem passado. "Eu sou assim", acabou tudo isso. Já não há fantasia, mas apenas programas de vida, sempre modificados à medida que se fazem, traídos à medida que se aprofundam, como riachos que desfilam ou canais que se distribuem para que corra um fluxo. Já não há senão explorações onde se encontra sempre no oeste o que se pensava estar no leste, órgãos invertidos. Diálogos com Claire Parnet, Gilles Deleuze pronto tudo está dito

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