Pesquisar este blog

[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





para chegar até lá, siga a seta vermelha:

ctrl + c -> aeromancia.blogspot.com -> ctrl + v -> barra de endereços -> enter



érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

sexta-feira, 26 de junho de 2009

mania de limpar tudo, do lado de dentro, nessas horas eu queria ser o vaso sanitário quando jogo o cloro, a cerâmica acende branquinha branquinha. mania de não saber por onde começar e sempre começar pelo ponto que não é o começo, o começo é sempre antes do começo, uma desgraça. a sombra que acompanha, a sombra da falha, a sombra da falha, a falha possível, to lendo muito blanchot, fico impregnada da idéia de literatura como doença, mas não tanto como deveria. mas hj cheguei a um momento Rousseau do Blanchot e é lindo, o exílio do Rousseau e o exílio literário, é isso que o Blanchot enxerga nele, a estreiteza entre o percurso do escritor e o percurso da própria literatura por fazer-se, as idéias contrastantes de presença-ausência, tão íntimas, na atividade da escrita e blanchot enxerga essa situação nas íntimas escolhas dos escritores, como o Rousseau, como o Artaud, e sei lá, tbm o canto da sereia, essa passagem do canto da sereia, ele abre o livro com ela, pega lá, dá uma olhada, ainda tá com o livro aí? acho que a verdade é uma queda. e não se retorna, sempre se retorna, que o sim e o não estão assim tão ligados a gente sabe, agora quando a gente escuta outras vozes assim dizendo reafirmando coisas que a gente sempre sentiu na pele, tudo fica mais latente, como se a gente entendesse finalmente que não estamos tão sós nessas percepções, como se nos legitimassem, como se nos autorizassem, no mínimo fica tudo menos abafado em algum canto onde a gente sempre tem que sufocar umas visões talvez lúcidas demais, até pra suportar, até pra continuar, até pra seguir dentro da lei. aqui, os movimentos do meu pensamento e do meu corpo e da minha vida, atitudes banais ou mergulhos numa densidade (ou pretensa) sei lá, eles são paradoxais, um dia sim um dia não e num mesmo dia sim e não. fico comovida com uma matéria que leio numa piauí no banheiro chez André que é assinada pela filha do Antônio Cândido, relato féla-da-puta porque pega a gente de vários pontos, o Cândido o escritor e crítico literário fodão, numa dimensão biográfica, numa dimensão mundana, o cândido pai com a garota no colo e fiel à legenda abaixo da foto que descreve o cândido Cândido olhando com olhar de respeito a pequenina nos braços. Coisa mais linda e de embrulhar até a garganta. e tem essa coisa da paternidade que encarna um lado fodido que arde no coração de todo mundo. eu sempre vou sentir falta da teta do meu pai, e quem não vai? meu pai sempre meio mãe, e eu, burrinha, tanto tempo não entendendo essa dimensão dele, porque daí logo a gente tbm chega nesse momento de virar gente e de suspender o pai e todos os pais-estruturas, são muitos, e daí fodeu de vez. muito tempo. hj entrei num site que mostrava as capas de jornais de todas as partes do mundo, todos chocados com a mortalidade do cantor negro que virou branco, diante da faceta mutante do cara que driblou as marcas da raça que é coisa tão bios, a gente deve ter acreditado em algum momento que ele era capaz de driblar a morte. mas beibe, que que deu o lance do blog? conversou com Lucs? quer que eu poste as minhas fotos, pode ser em solidariedade ao teu carinho pela revista, porque por mim, já falei que aquele trabalho nem tá pronto e nem tem nada a ver com a temática da revista. mas tbm acho que a gente tem que guardar as preciosidades para lançá-las na hora certa. tem uma questão de hora certa. enfim, love love. te contei que eu conheci o irmão da ana cristina, sem saber que ele era irmão dela e depois fiquei achando o máximo, porque tô apaixonada por duas pessoas agora, uma é literária a outra tbm é literária, a professora lá da puc que estuda artaud, e a A.C.C. então, foi uma coisa de conhecer a família, aquela coisa. é bom ser tiéte em algum grau de alguma coisa, a gente é tão sem ídolos, a gente é tão sem fé. e depois, tudo nessa vida é afeto. beijos no coração.

Arquivo