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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

domingo, 28 de junho de 2009

Oi babes, Ninguém precisa mudar. De repente sou eu que preciso. Eu simplesmente não entendo as referências por que não as li ou vi as referências. As referências religiosas eu pesco, até por que é algo que eu estudei com algum esmero. Eu estou lendo Saramago agora, o Cerco de Lisboa, que eu nunca li antes. É muito bonito. Eu gosto de boa literatura, e são poucos os filósofos que escrevem tão bem quanto os bons "escritores". Uma passagem que eu li ontem e que, pela coincidência com o que você escreveu sobre os anti-intelectuais, Lucas: "se dá como exemplo de erro a afirmação do sábio Aristóteles de que a mosca doméstica comum tem quatro patas, redução aritmética que os autores seguintes vieram repetindo por séculos, quando já as crianças sabiam, por crueldade e experimentação, que são seis as patas da mosca, pois desde Aristóteles as vinham arrancando, voluptuosamente contando, uma, duas, três, quatro, cinco, seis, mas essas mesmas crianças, quando cresciam e iam ler o sábio grego, diziam umas para as outras, A mosca tem quatro patas, tanto pode a autoridade magistral, tanto sofre a verdade com a lição dela que sempre nos vão dando" Eu não sou uma anti-intelectual, mas o meu interesse é cada vez mais ligado a produção cultural popular, e a sabedoria impírica que é produzida desta forma. Talvez eu esteja um pouco mais perto de ser uma anti-acadêmica, mas acho que também não chega a tanto. Não consigo me adjetivar com nenhum "anti". Sobre o exílio e a errança, eu estou fazendo um trabalho agora...Uma coisa certamente relacionada aos trabalhos da Tracey Emin, mas um pouco mais discreta. Comprei uns três mapas mundi e estou marcando em um deles, as cidades da onde vieram homens com quem eu já dormi (Dublin, Amsterdã, Napoli, Rio de Janeiro, São Paulo) e, no outro, os homens que eu só beijei (aí a lista fica bem maior) e, no terceiro, os homens que eu amei (aí são só duas cidades). Na verdade eu gostaria de entender qualé a do meu fascínio com os gringos. Lembro que, entre algumas tribos de índios brasileiros, era muito comum que aos forasteiros fosse oferecida, em casamento, a filha do pajé - de uma certa forma servia para renovar o DNA da tribo, de trazer sangue novo para o meio. Essa nossa tendência a antropofagia vem dos índios, é claro, sendo esta mais uma característica dela. Não sei o porque deste trabalho, ainda, nem sei se ele é alguma coisa que valha a pena ser comentada, ele meio é o que é - pessoas que ficaram o quão próximas é possível vindo de lugares tão distantes, que tiveram que andar muito para se encontrar. Me parece que uma vez que você sai da sua cidade, da sua "área", tudo fica ao encargo da sorte. Mas com certeza o trabalho fala de deslocamentos e embates causados por eles. Quando você fala de errância-exílio-deslocamento eu imediatamente penso em futebol e na venda e compra de passes que levam um garoto de Vila-Cruzeiro para Dubai, para Buenos Aires, para o Chipre, para Moskou, e daí para qualquer outro lugar. E cada vez os lugares ficam mais estranhos e mais aleatórios - muito brasileiro jogando bola na Ukrania e, é claro, nos países que os compram por muitos e fartos petro-dólares. Estou escrevendo agora uma música sobre ao volta do Imperador para o Ninho do Urubu, mas ainda não está pronta. Do disco que eu acabei de terminar, a minha parceria com o Régis do Cidadão Instigado, tem pouca coisa que se ligue a este tema. Talvez uma, que é meio sobre exílio, e eu mando pra vocês (nesta a única coisa minha é a letra) quando estiver mixada, o que deve acontecer em breve. O que eu posso contribuir, o que vocês podem esperar de mim, são textos ou canções ou trabalhos que abordem o tema de uma forma não tão academica. O que pode vir a ser uma coisa boa, talvez, para o clima geral da coisa. Eu tenho muita dificuldade em escrever não-ficção, mas vou tentar expremer aqui um texto sobre as errâncias do futebol, se vocês acharem que isso é relevante.

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