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o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Bem, quanto a juízo de valores, não faço nenhum. Faço o juízo mais cretino ainda, que é o do gosto e o da vontade. Eu gosto de boa literatura. Independente de assunto. O fato é que a maior parte dos escritores de não-ficção estão mais preocupados com literatura do que os escritores que escrevem teses. Talvez isso seja até um fato. O meu problema é quando começa a se julgar um texto como ideia, como argumentação, e não como texto. As pessoas que escrevem texto, seja sobre uma tribo de índios ou sobre um personagem inventado, estão concorrendo na mesma categoria. Espinoza está concorrendo na mesma categoria que Tostoi. E é isso aí. Se você me perguntar quem é melhor literatura, eu vou te dizer que, EU ACHO, o Totó. E é ele que eu vou ler, pois me dá mais prazer. Hedonista que eu sou. A boa argumentação e as boas ideais não fazem bons textos, necessariamente. Textos são uma forma de arte, e os textos sobre arte só são bons quando eles próprios são arte. Falando de cultura popular...Eu não consigo entender "o povo" sem estar inscrita nele. Eu sou a porra do povo. Todo mundo é o povo. Não entendo "o povo" como as massas sujas que passam a vida na condução ou no serviço. Vai ver que não entendo simplesmente porque não quero entender. Vai ver é verdade e eu sou cega. Quando eu falo de cultura popular é lógico que eu gosto mesmo é de ligar o "erudito" e o "popular". E, assim, desfazer os muros entre essas duas coisas. Entender o "popular" com boa vontade é uma cretinice. Querer justificar o funk antropologicamente é uma idiotice. Ninguém justifica Bach antropologicamente - o justificam como música. Então porque não justificar o funk como música também? Tudo que pobre faz precisa ser estudado sociologicamente? Não se pode estudar as letras de Caymmi e Roberto Carlos da mesma forma que se estuda Guimarães e Lautreamont? Pq não? Você pode, com as ferramentas certas, estudar futebol e samba pelo resto dos seus dias e descobrir tudo que é possível saber sobre a natureza humana. Eu acho que é um erro pensar que todas as manifestações culturais populares são desprovidades de pensamento, de arquitetura, que são espontâneas e ingênuas. Claro que não. Demoram gerações e gerações para serem concebidas. Gerações e gerações. O que me incomoda é o eterno embate entre o popular e o erudito, essas oposições todas. As oposições me incomodam, de forma geral. Isso ou aquilo, aquilo ou isso. É tudo a mesma merda. Todo mundo tem que pensar. Tudo é pensamento, é lógico, o meu discurso, se é que é um discurso, não está negando isso. Mas vamos pensar sobre o que nós estamos pensando, e pq não estamos pensando em outras coisas. Tá, isso não fez sentido, mas eu não sou uma pessoa que constroi o pensamento de uma forma muito consciente. - Mostrar texto das mensagens anteriores -

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