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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

quinta-feira, 25 de junho de 2009

1 que bom ver toda essa discussão. Me sinto como aquele personagem do túnel que vai falar de uma coisa e desvia desvia desvia. História pura. E depois o retorno, a expiação, a recriação do tempo. quando penso no tema "exílio" sou desviado do que antes imaginava (i mago), empurrado talvez por ventos lunares. Queria poder me concentrar nas questões mais objetivas, nos textos e idéias que deveriam estar nessa primeira curadoria. Acho que é o único que posso fazer desde longe, porque as coisas ainda mais práticas, como a questão do site-blog-with-or-whithout-a-web-designer é com vocês desde o outro lado do charco (poço sem fundo). Hoje vi meninas pulando cordas. Conheci um novo jogo (que não me lembro de ver no Brasil) chamado "chats perchés". o sol se pondo ás nove. Me lembrei dos olhares que transformam adultos em estátuas. Falei, antes, na possibilidade de fazer uma curadoria com textos do pessoal costurados por citações anônimas ou clássicas. Chamei a temática de DESLOCAMENTO (falo daquele outro e-mail lá atrás). E era só um exemplo. Mas jogaram fermento, e cresceu. Deslocamento porque tem a ver com re-significação, com montagem – transformar o sentido de um plano ao colocá-lo em outro lugar. desvios, desvios de olhar para o lado de fora (seguindo júlia). todos nós num mesmo carro. 2 Ponho aqui uma lista desordenada dos possíveis trabalhos pra entrar (são idéias sem fim nem início): Mapa que produz uma ilha imaginária misturando rio de janeiro fortaleza salvador (da minha avó letícia parente). "agora podia considerar-se em casa em qualquer lugar. e foi a partir daí que não se sentiu mais em casa em lugar nenhum." (sándor márai) filme do ícaro (LOGOPÉIA): http://www.youtube.com/watch?v=1NqOS_1ZBTg&feature=related Texto Francine sobre o filme do ícaro. "los verdaderos viajantes son los que parten por partir" (Baudelaire). Fotos érica (das séries “voltando a são paulo” e “- qual a semelhança entre uma cidade e o deserto?”, ou outras): http://www.flickr.com/photos/cadernodeviagens/page3/ Texto SKYPE: www.lucasparente.blogspot.com (inacabado, sempre inacabado). Fotos skype que pensei em encomendar a Diana. Texto Si sobre o carioca visto desde fora (Notas, 6 de fevereiro de 2009, ou algo do tipo): http://magraderuim.blogspot.com/2009_02_01_archive.html Colagens de fotografias, mapas, postais, etc, do ícaro. "se você quer ver a sua vida passar na sua frente como um filme, basta viajar" (andy warhol). o ócio como produtor de dispersão (montaigne). ... Talvez viajar seja o verdadeiro ócio. Não se faz nada além de ser engolido pelo que vemos. É realmente como estar num filme e se deixar levar, num processo de dissolvência, pela paisagem. Alfred Doblin diz que as partes mais importantes do corpo são os olhos e os pés (Berlin Alexanderplatz). Primeiro pra que a realidade entre em nós, e depois pra que nós entremos na realidade. colocar outras citações, falar da viagem á lua, misturar trechos de textos produzindo uma novidade. encomendar um quadro á debasse, um poema ao fernando, e mil outras coisas. juntar tudo, cortar, colar, mandar. _____________________ cinema-ensaio montagem imagem de arquivo apropriação dispersão concentrada _____________________ 3 E como o deslocamento (a errância, a desterritorialização, o exílio, lo que querais vosotros) tem tudo o que ver com “memória”, não só chamaria a flavita pra escrever uma gota-postal, como colocaria no meio aquela velha história: “a memória é uma ilha de edição” (waly salomão). E, noutros trechos, como frases espalhadas que respondem: “se a memória é uma ilha de edição, então o que é o esquecimento?”, “o que é a cabeça de um peixe?”, e até o clichê dos clichês: “se a memória é uma ilha de edição, então o que é a saudade?” Me parece que se unem nessa colagem-curadoria-lo-que-sea duas coisas: a idéia de montagem e a de errância (obsessões). Acredito que são até mesmo coisas naturais do homem. Eisenstein dizia que “o homem é um animal que monta” e hermes trismegisto, na tábua de esmeralda (versão latim), que “errar é humano” (“errare humanum est”: errar sempre no sentido de errância). Errância como justaposição que se faz através do caminho acidentado, fragmentado, cambiante. Aceleração, dispersão, etc, mas sempre com um olhar de espreita, olhar de gato, que mistura dissolvência com atenção. montar no sentido de colagem, de recortes, da memória como ilha de edição, enfim, de unir o que está separado, e separar-complexificar o que sai de um mesmo saco (montar em zilhões de outros sentidos aqui não ditos, mas sim, contidos). mapas, colagens, citações, fotografias, enfim. Errância: o ser humano como um animal que viaja, seja como banimento (exilio), como colonização (guerra), errância pura (william burroughs no marrocos e chris marker no japão), turismo, auto-conhecimento… tudo junto. ubiquidade dissolvente, expansão do eu em zilhões de mundos contíguos. mistura de queda no caos (beira da esquizofrenia, entropia) com concentração total (eixo, gravitação). circuladô de fulô. Viajar como promenade, balade, flaneurismo e todas essas outras palavras francesas boas de se comer. viajar consumindo drogas da maneira mais predadora. fluxo de pensamento no parque, nas curvas das grandes cidades, na memória, nas mil ilhas de edição num grande mar, ser sem forma. arte-postal. skype, filme-buenos aires, memórias encontradas em feiras de antiguidade, etc. (falar da vertigem provocada por tudo isso. entropia-inércia.) 4 Talvez seja demasiada influência de chris marker, que mais fala do deslocamento através de um olhar etnográfico, de origens coloniais, revertendo a situação, falando do centro em nome da periferia, e não o contrário. Tratando da expansão do centro (televisão, google) e de seu olhar, a difusão do arquivo, que mistura memória oficial com memória subjetiva. Um mapa que se produz enquanto caminho. Sem destino, sem volta, sem centro, sem pureza. “observava tudo: objetos, paisagens, seres humanos - como se fosse uma testemunha ocular que vê cada coisa pela primeira e talvez pela última vez e sabe que um dia deverá contar tudo aos homens do futuro... A cultura, ou tudo o que assim em geral se define - pontes, lampiões, quadros, sistemas monetários, poemas – tudo se partia aos pedaços diante de meus olhos. Não desapareceu, mas começou a mudar em ritmo vertiginoso, como se tivesse sido mudada a pressão atmosférica em que estávamos acostumados a viver... senti que tinha uma tarefa urgente, queria ver ainda alguma coisa 'no estado original', antes que se realizasse essa mudança indefinível e assustadora. fui viajar." (as confissões de um burguês, Sandor Márai, 1935) existe alguma coisa ‘no estado original’? essa, me parece, é a crença de quem se sente exilado. Como faço montagem, filmes híbridos, não acreditando em estados originais, nem mesmo em imagens puras, mas em processos históricos, em works in progress, não me considero ainda um exilado. Quem sabe um dia? ((( me permito uma viagem (um tanto quanto radical e generalizante): MONTAGEM DE ATRAÇÃO (o novo sentido da palavra CAMPO DE CONCENTRAÇÃO): cinema pós-moderno, câmera tremida, olhar não fixado, cinema estrutural, imagens de arquivo, montagem, mas sempre um olhar á espreita e não apenas á deriva. x IMAGEM-TEMPO: cinema moderno, tarkovsky, kiarostami, ozu, antonioni... totalidade perdida, exílio... fragmentação e crônica do absoluto. ))) 5 Me lembro ainda do Ázar: o rayuela (jogo-da-amarelinha) dividido em três partes. A “del lado de allá” (Paris), a “del lado de acá” (buenos aires), e a “de otros lados”, o sea, “más allá”. É a última das partes que parece surgir de uma justaposição das outras duas. É esse “más allá” que me interessaria no momento. Esse 1 + 1 = 3. E, principalmente, a mistura dos três, produzindo ainda outros deslocamentos possíveis. Misturando os traçados produziríamos um mapa, mas um mapa aberto, livre, no sentido de que trata-se de um terreno acidentado e não de todo explorado. Uma estrutura dinâmica que vai mudando de sentido á medida que passamos o olhar n’outra coisa. Uma espécie de “a priori” histórico (argh) e não pré-determinado (foucault). o monte ARARAT, umbigo do mundo, fora do terreno da armênia. a idéia da possibilidade de um dispositivo que crie uma montagem contínua, em que o leitor possa agregar as suas colagens (memória-planos) á revista, re-numerando-a, re-editando-significando-a. road movie com multiplos carros em lugares distantes. em todos os carros nosotros.

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