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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Guerín - Yo siempre digo que intento adoptar la mirada de un viajero y no de un turista que sería la negación de un viajero. Hasta este momento cada película mía iba asociada a la idea de un viaje y además era consecuencia de un viaje. Siempre he creído que la mirada del viajero es más sensible, que la cotidianeidad tiene algo terrible de alineación, que no te deja ver lo auténticamente revelador de las cosas. A fuerza de cruzar tu calle diariamente acabas por no verla sin hacer una abstracción de ella. Cuando viajas, por lo menos a mí me sucede eso, a menudo en cada esquina, en cada calleja encuentro motivos reveladores, singulares. Muchas veces lo más satisfactorio de hacer un viaje es que al regresar te obliga a reinterpretar tu propia calle. Es por ese motivo por el que intenté adoptar la mirada de viajero para rodar En Construcción. Es la primera vez que filmaba mi ciudad. Sin embargo la elección, por ejemplo, del sector de la construcción me resultaba más atractiva porque está formada esencialmente por gente de fuera. Incluso la elección del barrio también porque es un barrio de inmigrantes. Yo al principio me hice una maleta y me hospedaba en hostales del barrio para vivirlo así como el viajero que llega a un lugar y necesita servirse de distintas lecturas de ese barrio. Y a veces me imaginaba como podía percibir ese barrio el marino que venía a recalar aquí, porque este barrio está configurado en torno al puerto, en torno a la necesidad de los marinos de tener prostitutas, bares, animación... ahí se fue gestando el barrio chino. Intentar visibilizar, soñar el barrio cuando era sólo el monasterio de Sant Pau que está frente a la obra que filmé y cuando todo el barrio eran los huertos de esos monjes. En fin, tratar de sumar muchas imágenes que habían construido el barrio. Una película para mí es un largo y sinuoso camino de conocimiento del que al final no queda prácticamente nada en la película. Pero ese trayecto inicial para mí es importantísimo: Y siempre tiendo a pensar que algún sedimento de todo eso queda. Me gusta ver una película también como una forma de conocimiento. Esa expresión tan bella de Truffaut, un cineasta debería tout savoir. Un cineasta debería saberlo todo. Es inabarcable, pero en cuanto acotas un pequeño ámbito de tu película intentas conocer el máximo de cosas al respecto. Con mi equipo formado de estudiantes leíamos libros de arquitectura, veíamos películas, entrevistábamos a paletas, electricistas, obreros, vecinos, arquitectos... Nos relacionábamos con esa realidad desconocida.

Rara Maré,

já sei teus números de cór

estou infeccionada por dentro

e tenho laudos médicos

a burocracia atesta minha fragilidade

você não se concentra

mas preste atenção

à correspondência incompleta

escreva e me reescreva

se mostre no anonimato que te assegura

alvejei nossos nomes

e rostos

quem aqui possui um?

e o que ficou

vai lá ver

a ficção

ainda escrevo pra você

mas não só

(à espera)

deve ser um grandalhão que está para chegar

desses de músculos

é um marinheiro

de uma força de grandalhões viris

metade em casa metade na calçada

metade terra firme metade movediço

é realmente enorme

e está para chegar

acumulo páginas

ele não vem

beijo os números do coração que decorei

com flores naturais, sua graciosa

Fuligem

"metáfora"

. somos eu, a arena, o touro. arena mínima, touro enorme. eu danço na frente do touro, tento apaixoná-lo por mim. há doçura no olhar do touro, doçura, loucura, catástrofe. somos parecidos de certa forma. mas eu sei disso, ele não sabe. meu bailado parece irritá-lo, faz o touro andar em círculos. paro na frente dele, mas não há como rezar, não há tempo para se fechar os olhos, sou levado a correr em círculos. fora da arena os olhares frios, sei que deixam o touro tenso tanto quanto a mim, que tenho menos pernas e a pouca sorte de saber que, com frieza, eles riem por dentro, se divertem. além disso, o touro não sabe como estou sozinho, na arena que, maior que a arena, tem o tamanho do mundo inteiro. o touro não sabe o tamanho do mundo inteiro, eu também não sei, mas, por azar, posso imaginar: vantagem do touro. o touro não sabe da solidão, mas, melhor que eu, ele sente a brasa na pele todos os dias. compreende melhor a saliva que lhe escorre pelo focinho. começa a corrida, somos dois desesperados, atrás da trégua que nos trará água, um cafuné. não há água, cafuné: há palmas. nem o touro nem eu entendemos as palmas, o que nos aproxima. sabemos apenas que as palmas significam "nos tirem do tédio". estamos juntos, de certa forma, e tenho vontade de abraçá-lo, passar de leve a mão na cabeça do touro, mas ele não tem mãos para passar na minha, só sabe que deve me espetar seu chifre, só conhece o vermelho depois do espanto, enquanto eu canso, despisto o touro como posso, peço calma, mas ele não fala a minha língua e os olhares frios indicam que nem mesmo eu falo minha língua, e corro, dou voltas, me desequilibro, caio, levanto, corro ainda mais. fugimos um do outro, o touro e eu, mas as palmas, a frieza são grandes inimigas, nos levam a fazer o círculo tantas vezes, o mesmo círculo, sem motivo. em tempo, as palmas no fim deixam-nos, a mim a ao touro, como mestres com suas cartolas e delas tiramos a paz evitada já que nosso couro é a bússola que justifica o tédio público e nos faz seguir em círculos, agora uma vez mais extasiados. enquanto abandonam a arena, somos dois corpos exaustos, repletos de morte e passagem. as cercas já não nos convidam à fuga silenciosa dos presos perigosos, somos apenas dois iguais, com sede de aplauso, e estamos os dois, no mundo, entediados de nos sabermos fortes, fora dos planos, enfim. .

sábado, 29 de agosto de 2009

. http://img36.imageshack.us/img36/620/qata21.gif . .
* o que pra mim tem nome de barco, mas é terra transatlântico é cartografia, e o nome de barco é só a recuperação do afastamento. ou da cidade, ou de quem se vai dela, embora, ou embora dentro nela mesma - e some. a antecipação desse sumiço é o que dá sentido a essa pequena história de amor. .
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16.8.09 estrangeira II "Tornar também mais leve essa estranheza" Kristeva deslizar pela cidade em sobrevôo – por pouco as rodas e os pés tocando o chão como guia desvendar com eles as tantas encruzilhadas desertas rastros e restos de rostos e edifícios, esquinas, marquises em tons de cinza ser corpo que flutua: apontar com o nariz a paisagem, inventar cenários saber como ninguém guardar tudo na retina e esconder o mundo na ponta da língua. mas às vezes querer contar segredos: em pouso arriscado quilômetros por hora uma curva, luz amarela contramão qualquer desatenção: encostar a língua. 3.8.09 estrangeira abrir espaço com os olhos em terra nova apalpar os vértices e as curvas desconhecidas, fazer barulho por onde passem os lábios e seus sussurros secretos fazer barulho com a pena com os pés os cílios e as mãos pelos espaços em branco colorir os cantos, redesenhá-los brincando assentar-se nesta terra até que não restem mais os mistérios e as quinas desconhecidas, seus labirintos e seus riscos por diana sandes .
“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar” Antonio Machado 1ª rodada: sobre a natureza de um pré-curso Qualquer possibilidade de idas, seja num compasso xadrez ou num casamento de iguais, dois e dois como quatro, ou mesmo numa seqüência crescente de números e letras, o risco. Toda a ida não está definida de princípio, e não se faz sozinha. Ir ao ritmo do outro que te impõe uma medida, um compasso, um percurso. Imaginá-lo, e seus desdobramentos possíveis, talvez seja, o que poderíamos considerar como o interesse maior. Um fio, um gesto, um passo que guiam uma ida. Várias delas, se muito ainda se há para ir. Visionar, por entre gestos, qualquer que seja ida, mesmo que não se realize, se acaso o fio te levar por outro lugar. Nunca poderemos certezar. 2ª rodada: em curso, no meio do Do que já se está em meio começo, metade. Podendo sempre representar um início. Os limites não são fixos. De onde se parte ou para onde se chega. Pelo menos, dentre tantos, um. Se me dizes, - Vem, estou a ir, por entre este que me mostras ser um possível. Seguro a tua mão, pelo que seja um encontro de peças, peões ou cartas. Vou. Neste gesto de, se como metáforas, fio ou, aproximo-me do que pode vir a ser um risco. 3ª rodada: às voltas Rodopiando em circunferências imprecisas. (O meu gesto é reflexo do teu gesto que é reflexo do meu – já não se sabe quem me te segura a mão) O que aparentemente se figura como uma linha, se de começos pensamos início até, é inevitável que, quando já se está em jogo, perca-se o que primeiro seria primeiro. 4ª rodada: sobre a natureza de um percurso De longe, isto me lembra um déjà-vu. 5ª rodada: no fim do, em curso
.

as cartas

http://www.vggallery.com/letters/main.htm

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

gauguin/van gogh

pasolini e o demônio

. .

“si mon éternelle adolescente est une maladie, c’est, em verité, une maladie très gaie.

Son côté odieux est son revers, c’est-à-dire ma vieillesse au même moment [...] J’ai franchi une étape d’experience précoce et donc d’indifférence.”

“L’indifférence actuelle, due à cette opération qui se détruit elle-même et détruit la vie; l’experience me donne um espèce de mort: et moi, em effet, je suis très jeune.”

“Je suis comme um voyageur qui, s’étant perdu au milieu du désert, a épuisé ses provisions et, comme il ne lui reste que des statues, salive devant les membres de porphyre et d’albâtre.”

eu não posso deixar que a vida me faça de otário
Sabes... Andy Warhol dice que "si tu quieres ver tu vida pasar en tu frente como una pelicula, basta viajar". Yo estoy con esta frase en mi cabeza. Porque no sé si quiero ver mi vida pasar como una peli... Tengo que cogerla como un toro y echarla en el suelo, ¿no? Domar la vida (como si fuera un animal o una pasión). 
la manana me despierto con meno facilidad aunque ahora tengo una ventana con el sol que puede entrar cuando quiera. Tengo que pensar a la vida ahora, no mas a lo que iré a hacer por la noche, si emborracharme al Sifò o al Madame Jasmine. "Coger el toro" es el problema,tambien mi problema..veo el toro, que son el piano y la filosofia, como siempre..pero aun no he entendido como cogerlo.Pero me hace bien hablar con gente como tu que tiene la misma intencion de matar este puto animal..
tu eres el pinche toro... tener ganas de nada es la bestia....

ela me disse

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Mas mesmo assim, 
sinto saudade da época
em q meus amigos eram um chão p mim...)
.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

> Facilmente aceitamos a realidade, > > talvez por intuirmos que nada é real. > > Sonhei a dúvida e a certeza. > > (Jorge Luis Borges) > > > > - discurso crítico em relação à palavra como representação da realidade > > > > Ein traum > > > > Os três sabiam disso. > > Ela era a companheira de Kafka. > > Kafka a sonhara. > > Os três sabiam disso. > > Ele era o amigo de Kafka. > > Kafka o sonhara. > > Os três sabiam disso. > > A mulher disse ao amigo: > > Quero que esta noite me queiras. > > Os três sabiam disso. > > O homem lhe respondeu: Se pecarmos, > > Kafka deixará de sonhar-nos. > > Alguém soube disso. > > Não havia mais ninguém na terra. > > Kafka disse a si mesmo: > > Agora que os dois partiram, fiquei sozinho. > > Deixarei de sonhar-me” > > > > (Borges, 2000c:170). > > > > Lo sabían los tres. > Ella era la compañera de Kafka. > Kafka la había soñado. > Lo sabían los tres. > El era el amigo de Kafka. > Kafka lo había soñado. > Lo sabían los tres. > La mujer le dijo al amigo: > Quiero que esta noche me quieras. > Lo sabían los tres. > El hombre le contestó: Si pecamos, > Kafka dejará de soñarnos. > Uno lo supo. > No había nadie más en la tierra. > Kafka dijo: > Ahora que se fueron los dos he quedado solo. > Dejaré de soñarme. > > > > > > MONTEVIDÉU - O corpo do escritor uruguaio Mario Benedetti está sendo velado > na sede do Congresso em Montevidéu, a capital do país. segunda-feira, 18 de > maio de 2009 > > * * > > * * > > *O ÂNUS SOLAR* > Georges Bataille > > > Claro está que o mundo é paródia pura, quer dizer, que toda coisa vista > é paródia de outra, ou a mesma coisa mas com uma forma que decepciona. > > Desde que as frases *circulam* nos cérebros ocupados em refletir , o > mundo chegou à identificação total, pois uma *cópula* ajuda cada frase a > religar as coisas entre si; e estaria tudo visivelmente ligado se um só > olhar bastasse à descoberta do traçado inteiro que um fio de Ariadne deixou > e conduz no seu próprio labirinto o pensamento. > > Mas a cópula dos termos não irrita menos que a dos corpos. E quando a > mim mesmo exclamo: SOU O SOL, disto resulta uma ereção integral porque o > verbo ser é veículo do frenesi amoroso. > > > Todos têm consciência de que a vida é paródica e uma interpretação lhe > falta. > > Por isso o chumbo é a paródia do ouro. > > O ar é a paródia da água. > > O cérebro é a paródia do equador. > > O coito é a paródia do crime. > > O ouro, a água, o equador ou o crime podem ser enunciados > indiferentemente como o princípio das coisas. > > E se a origem não lembra o chão do planeta, que nos parece base, mas o > movimento circular que ao redor de um centro móvel o planeta faz, um carro, > um relógio ou a máquina de costura podem de igual forma ser aceitos na > função de princípio gerador. > > > Os dois movimentos principais são o rotativo e o sexual, de combinação > expressa numa locomotiva de pistões e rodas. > > Dois movimentos que se transformam um no outro, reciprocamente. > > Assim notamos que a terra a dar voltas faz animais e homens transarem > (e, como aquilo que resulta também é a causa que o provoca), animais e > homens transam fazem a terra dar voltas. > > A combinação ou transformação mecânica destes movimentos foi a busca > dos > alquimistas a que chamaram pedra filosofal. > > E usar uma tal combinação de valor mágico, determinou a presente > situação do homem no meio dos outros elementos. > > > Um sapato abandonado, um dente estragado, um nariz curto demais, o > cozinheiro que cospe na comida dos patrões, estão para o amor como a > bandeira está para a nacionalidade. > > Um guarda-chuva, uma sexagenária, um seminarista, o cheiro de ovos > podres, os olhos cegos de um juiz, são raízes por onde o amor se alimenta. > > Um cão que devora um estômago de pato, uma mulher bêbada que vomita, um > guarda-livros que soluça, um frasco de mostarda, representam a confusão que > veicula o amor. > > > Um homem é provocado no meio de outros, ao saber por que não é nenhum > dos outros. > > Deitado no leito, ao pé de uma mulher que ele ama, esquece que não sabe > a razão por que é ele mesmo, em vez do corpo em que toca. > > Sofre, sem saber, com a escuridão da inteligência que o impede de > gritar > que ele mesmo é a mulher já esquecida da presença dele mas excitada no > aperto dos seus braços. > > O amor ou uma raiva de menino, a vaidade de uma velha da província, a > pornografia clerical, o enorme diamante da cantora , fazem extraviar-se > personagens esquecidas em casas cheias de pó. > > Bem podem procurar-se avidamente umas às outras: só paródicas imagens > conseguem lá ver, tão vazias como espelhos. > > > Esta mulher inerte e ausente, pendurada nos meus braços sem sonhar, não > me é mais estranha do que a porta ou a janela por onde vejo e passo. > > Quando adormeço, incapaz de amar aquilo que acontece, recupero a > indiferença (que lhe permite deixar-me). > > Nos meus braços é impossível que ela saiba quem encontra, pois fabrica, > obstinada, um esquecimento total. > > Os sistemas planetários a rodar no espaço, como discos cujo centro se > desloca a toda velocidade para descrever um círculo infinitamente maior, > afastam-se da posição que tinham para regressar a ela quando a rotação > acaba. > > O movimento é figura do amor, incapaz de estacionar neste ou naquele > ser > para passar, com rapidez, de um ser a outro. > > E o esquecimento que vai condicioná-lo não é mais que subterfúgio da > memória. > > O homem, como um espectro, é ligeiro ao levantar-se de um caixão, e da > mesma forma ele cai. > > Horas mais tarde levanta-se outra vez e cai, e sempre assim, dia após > dia: grande coito com a atmosfera do céu que a rotação da terra, perante o > sol, dirige. > > E apesar da vida terrestre ritmar o seu movimento nessa rotação, por > imagem não tem a terra que roda mas o membro que penetra a fêmea e dela sai > quase por completo, para voltar a entrar. > > > Amor e vida só parecem individuais na terra, pois lá se destrói tudo > com > vibrações de amplitude e duração diferentes. > > Apesar disto, não há vibração que não vá se conjugar em movimento > circular contínuo; como a locomotiva que anda à superfície da terra, imagem > da metamorfose contínua. > > > Os seres só morrem para voltarem a nascer, como os falos que saem dos > corpos para entrarem outra vez dentro deles. > > As plantas crescem em direção ao sol, e sucumbem depois em direção à > terra. > > As árvores espetam o solo terrestre com uma quantidade enorme de > membros > florescidos que se empertigam em direção ao sol. > > As árvores que tão fortemente se levantam, acabam por se queimar com o > raio, ou ser abatidas, ou ficarem de raiz ao sol. Regressadas ao chão, > voltam a se erguer como antes e com outra forma. > > Coito polimorfo que no entanto está ligado à uniforme rotação da terra. > > A mais simples imagem de vida orgânica ligada à rotação, está nas > marés. > > Do movimento do mar, coito uniforme da terra com a lua, procede o coito > polimorfo e orgânico da terra com o sol. > > A primeira forma do amor solar é nuvem levantada acima do elemento > líquido. > > Ás vezes a nuvem erótica faz-se tempestade e cai de novo na terra, > transformada em chuva, enquanto o raio rompe as camadas do ar. > > Pouco depois a chuva torna a levantar-se sob a forma de uma planta > imóvel. > > > A vida animal descende toda do movimento dos mares, e, dentro dos > corpos, a vida continua a sair da água salgada. > > Assim foi que o mar interpretou um papel de órgão-fêmea, líquido pela > excitação do macho. > > O mar continuamente se masturba. > > Os elementos sólidos contidos e agitados dentro de uma água que se > anima > de movimento erótico, brotam sob a forma de peixes voadores. > > > A ereção e o sol escandalizam tanto como o cadáver e a escuridão dos > antros. > > Os vegetais crescem uniformemente para o sol e os seres humanos, > falóides que são como as árvores, nisto contrários aos outros animais, têm > por força que desviar os olhos. > > Os olhos humanos não suportam o sol, nem o coito, nem o cadáver, nem o > escuro, embora o façam com reações diferentes. > > > Se o meu rosto se injeta de sangue, fica vermelho e obsceno. > > Com reflexos mórbidos denuncia ao mesmo tempo a ereção sangrenta e uma > exigente sede de impudor e orgia criminal. > > Por isto afirmo sem medo que o meu rosto é escândalo e só o JESÚVIO* > exprime as paixões que tenho. > > O globo terrestre está coberto de vulcões que lhe servem de ânus. > > E ainda que este globo nada coma, às vezes deita fora o conteúdo das > entranhas. > > Conteúdo que salta com estrondo e cai e escorre nas faldas do Jesúvio, > a > espalhar morte e terror por todo lado. > > > Na verdade, o movimento erótico do solo não é fecundo, como o das > águas, > mas muito mais rápido. > > Ás vezes a terra se masturba com frenesi, arruinando por completo a sua > superfície. > > O Jesúvio é pois imagem do movimento erótico, que às idéias do > espírito, > através de enorme arrombamento, confere força de escandalosa erupção. > > > Quem acumula esta força eruptiva está necessariamente situado em baixo. > > Para os burgueses, os operários comunistas são tão feios e sujos como > partes sexuais e peludas, ou partes baixas: e cedo ou tarde vai haver uma > escandalosa erupção, durante a qual vão rolar nobres e assexuadas cabeças > de > burguês. > > Desastres, revoluções e vulcões não fazem amor com os astros. > > As revolucionárias e vulcânicas deflagrações eróticas são antagônicas > do > céu. > > Como os amores violentos, dão-se à revelia da fecundidade. > > A fecundidade celeste opõem-se os desastres terrestres que são imagem > do > amor terrestre sem condição, ereção sem saída nem regra, escândalo e > terror. > > > Assim é que o amor grita na minha garganta: sou o *jesúvio*, paródia > imunda* *do tórrido e ofuscante sol. > > Quero ser estrangulado ao violar a mulher a quem pudesse dizer: “eres a > noite”. > > O sol só ama a Noite e dirige a sua luminosa violência, falo ignóbil, > para a terra; mas não consegue ainda assim chegar aos olhos e à noite, > apesar das imensidões terrestres noturnas estarem constantemente se > dirigindo à imundície do raio solar. > > O *anel solar** *é o ânus intacto do seu corpo adolescente, e nada há > de > tão ofuscante que se lhe possa comparar; a não ser o Sol, e apesar de ter > um > *ânus* que é a *noite*. > > > * Ainda jovem, Bataille inventou esta palavra a partir de *Jesus** *e * > Vesúvio*, para designar uma espécie de deus-vulcão (Nota do Tradutor). > > Tradução de Aníbal Fernandes > > Fonte: BATAILLE, Georges. *O Ânus Solar*, Lisboa, Hiena Editora, 1985, pp. > 19-25. > > > > Uma oração (*Elogio da Sombra)*** > > Jorge Luis Borges > > > > > > Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas > que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, > dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, > não > herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que > humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que > não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem > e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do > tempo > é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por > ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir > que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que > meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso > salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não > afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou > sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, > que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou > entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém > repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite > a > árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus > lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. > Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com > lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão > revelados. > > > > Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo. > >
a noite é a minha nudez as estrelas são os meus dentes eu lanço-me no país dos mortos vestido de branco sol . bataille o ânus solar a sobrancelha de george bataille . desayuno: jugo de remolacha con naranja, huevos, queso minas y chimichurri. a luz-laranja,o cheiro de café. a idéia da idéia de movimento. _______________ os dois movimentos principais são o rotativo e o sexual, de combinação expressa numa locomotiva de pistões e rodas. dois movimentos que se transformam um no outro, reciprocamente.

"sumiu belchior"

sabe-se apenas que belchior quebrou o punho há dez anos. não sabem dele família, mpb, parece que há dívidas: 18 mil, em carros abandonados, ócio. outros dizem: tirou o bigode, viu gauguin, pintou-se demais, sem bigode frente ao espelho. letras de fé total, de inaptidão, as fizeram-se concretas, enfim. dizem más línguas que lê mão. chegou ontem a vaga notícia de que sua obra fica sem fim. esperei horas, belchior, dias, pensando no paradeiro de mim.
Eu não consigo pensar em nenhuma analogia entre o poker e a vida que não seja verdadeira. Existe a sorte, o destino, as probabilidades e, às vezes, uma coisa inquieta na boca do estômago que te faz se lançar contra elas - e isso nós talvez possamos chamar de amor.
J.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

NI SIEMPRE tengo un nuevo hambre en la carne un nuevo matiz y esto es sólo porque el deseo no es un sólo esto aunque incorpore la cosa en ti algo acá adentro me hace una mueca yo no sé es como una muestra y si uno tiene ganas de reírse de esa cosa si uno quiere hacer de esa cosa un rizoma es sólo porque yo erré en ser humano y caminé por libros en ciudades por ciudades en libros es siempre como asomarse al precipicio y esto mientras uno se suma a otro plan en algun lugar más plano y quien sabe más propicio y entonces me vuelvo de paloma a àguila y me deslizo por el cielo y sé que la dispersión es un riesgo pero como águila no me puedo callar sé que sin la dispersión, sin vivir el caos sin esto no se puede saber del más allá sí, la dispersion es un juego pero así la quiero soy imberbe tengo que considerar tengo que quedarme por un rato junto a las estrellas tengo que hacerme hueco pues el tiempo del turista es el presente el primero que se aprende sin mucha dificultad el tiempo del turista es el hoy pues el pasado no se conoce y acerca del futuro no se imagina el pasado ocre pero quien sabe no es sólo un pasaje quien sabe no es más que un pasaje quien sabe lo que pasa en la horizontal quien sabe no es más, una vida quedarme acá, bien cerca cambiarme en algo más que el anti-Midas quiero perderme en encrucijadas cambiarme en un desconocedor desconocido quiero rehacer re- renacer quien sabe en un misto quiero perderme en encrucijadas llegar al sin fin del lugar no creo que esa manera sea impía buceo y afirmo la errancia el sic (ahora sin parentesis) el error gramatical un fantasma de otra lengua y piso com una firmeza limpia con un ansia y me canso y bustezo y pienso en la reiteración del lugar en esa cosa que pasa desde mi habitación en el mirar el mirar del otro en su habitación que se queda en otra ubicación pero que no es sucia porque el otro detiene estrictamente mi búsqueda que es una fracción ya vivida de la suya y por ello reconozco la calle desconocida que solo en sueño se me dibuja y por ello me quedo en duda ¿de donde viene el poder de la mezcla entre la naranja y el dulce de leche? .
Achei que você iria gostar: Pedro Costa - Deve-se hoje perguntar aos professores da Escola de Cinema que desviam os olhos quando reconhecem o jovem apaixonados que eles um dia foram. E aos broncos das televisões públicas e privadas. Aos ministros e aos políticos que promovem os negócios dos poderosos e matam à nascença os pequenos produtores e os primeiros filmes. Restam os casos: um rapaz, uma rapariga. Conheço alguns. Ficarã o sozinhos e perdidos. Não farão as publicidades. Vão viver com pouco dinheiro. São uns selvagens. Não vão ter estabilidade profissional, nem mais saídas, nem encomendas nenhumas. Não vão acreditar que ³o cinema é uma linguagem e tem a sua gramática². Tem os seus riscos e é um trabalho feito passo a passo. Eu tenho fé. A juventude tem sede de sangue.
Errâncias “A atitude realmente séria é aquela que interpreta a arte como um meio para obter algo que talvez só se possa alcançar quando se abandona a arte”. (Susan Sontag) “Quanto mais se escreve, menos se pensa”. (Paul Valery) “Escrever é tentar saber o que escreveríamos se escrevêssemos” (Marguerite Duras) “Sou tímido com as mulheres; logo, Deus não existe” (Leopardi) “O incomensurável conjunto cósmico do qual fazemos parte não pode ser descrito por palavras. Portanto, a escrita é apenas um equívoco sem importância, tão pequeno que nos faz quase mudos” (A Carta a Lorde Chandos, de Hugo von Hofmannsthal) “Não serás nada. Por mais que faças “Rape the rebellion in the nurseries of my face” (Dylan Thomas) .
. ande viaje trafegue nade volte perca-se insista desista love .
querido, não se preocupe nesse finde tb uma amiga com o marido cruza sampaulo estou louca e fazendo drama mas tudo tem que dar tempo estou correndo contra o tempo adoro café da manhã, acordo cedo toca no meu cel pra binar pra não acordar ninguém aqui... ok? traz o livro do fernando e novas da revista e um sorriso de felicidade por vir pra sampaulo

Vida e morte no cenário dos sonhos que poderia ser aqui

Em algum lugar de mim... que provavelmente não se vê em mapas...
Talvez pudéssemos fazer setas em qualquer um daqueles e não deixaria de ser verdade..
Os cenários dos sonhos são de todas cidades.. O homem é bicho e nunca foi fácil mas ninguém disse que seria mesmo..
Chego agora... nesse espaço tão cheio de reflexão.. pensamento vivo do cotidiano...
E lhes (pro)ponho isso... Que nada é, embora esteja por aí... é parte daquilo que é natural... Tudo que não é indiferente aos bombeiros.. sem dúvida não é a mim... Os conflitos são básicos.... As questões são as mesmas... Todo sofrimento é humano.
um beijo pra todos.. agradeço o convite meu caro amigo... Nos vemos por estas páginas luminosas
também qualquer hora para mais uma taça de vinho...
com amor,
Jonas Aisengart

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

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et c'est pourtant pour ces éclanches que j'ai rimè! je voudrais vous casser les hanches d'avoir aimé!

PSICOGRAFANDO EM GRACIA PELA MANHÃ

"abram as portas das suas casas, deixem os ladrões entrarem, eles vão tentar levar tudo o que puderem". acordei às 8 da noite. é como se fizesse do final da tarde o início da manhã. depois de tudo sonhei que encontrava o postal panorâmico de Mariana Vassileva, e que me escondia por detrás de uma tela de cinema em que projetavam filmes terríveis de companheiros de classe. depois de tudo sonhei que não tinham me robado, que na verdade era um sonho. e isso porque os três ladrões parecem ter surgido do meu inconsciente, como os personagens que seguem Wilhelm Maister em "falso movimento". faziam parte de mim. de uma lógica. porque eu tinha que perder pra poder recomeçar.
aquela luminosidade de seis da manhã. a cara pálida e a faca prateada. depois de tudo despertei vendo a entrevista de Kieslowski, falando que devemos permanecer atentos ao sentido da responsabilidade. o fio perigoso das coisas. e dormi na casa de Mathilde, e pensei que estava com Ana, que significa "esbelta". a câmera aparecia, a bateria, o livro de Handke, os apontamentos, a identidade e o cartão de crédito. no bairro de Gracia já nao há festa, as ruas estão vazias, e na casa onde estou abundam bons livros. la compañia de Becket, el trópico de Miller, el atlas de Serres, e acordo lendo esse último sem despertar. penso num terceiro lugar, na ida de Mathilde, na possibilidade de usar Cláudio no "mudanza". ele é chileno, sua namorada alemã, creio que pode ser sim um personagem a la Bolaño. números, letras, nomes, parece que escrevo cifrado. depois de tudo continua o fetiche por berlin, munich, colonia, hamburgo. as alemãs como Nichol e Virreina. "fox and his friends", o personagem de Franz Walsch, a ótica do senhor e do escravo. Fassbinder. depois de tudo pareço dez anos mais velho. uma semana de álcool e rostos e falas e Roberto Begnini. eu talvez o único que odiou a vida é bela. e Elisa, a italiana mais linda, com seu vestido de bolinhas e cabelo curto entrevendo a nuca. as pernas, as ancas, e o jeito solto de andar dançando. "a kiss in the tunnel", a possibilidade de encontrá-la no cccb, o telefone perdido. o telefone roubado, ou seja, pra nunca mais. (pausa) "ciao" em italiano é oi e tchau em português. (pausa) me esqueci do cheiro dela. (pausa) as bolinhas de sabão feitas pelo ventilador. as bolinhas de sabão assassinadas industrialmente pelo ventilador. (pausa) a necessidade de voltar a comer livros. (pausa) flexões. (pausa) acordo cansado e durmo cansado e sonho cansado. não tenho amigos para além de Chiso. e Chiso não me cansa. odeio os catalães. tenho ódio. a possibilidade de viajar trabalhando pela espanha. dar costas aos pirineus. os pirineus às minhas costas. possibilidade de me perder em granada. filme bicicleta José e Maria. filme "mudanza" amiga de Sara e Cláudio. filme tavertet grande incógnita. que mais? morcilla. reaprender a comer carne com muito sangue. comprar um mapa. depois de tudo. sim, depois de tudo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

poemas de permeio com o mar propósito: procurar - já não digo "conseguir" - mas procurar sempre,dar ao transitório a densidade do eterno. 04/01/1956 .

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Anexo 14 de agosto de 2009 03:55 Responder | Responder a todos | Encaminhar | Imprimir | Excluir | Mostrar original algún boceto de seres imaginarios de remota existencia borgeana te lo regalo! es tuyo, junto a alguna botella de mendoza y quizá también una bombilla... para que no te falte alguna mañana que te quieras tomar un matecito escuchando un perfect day. 68, primer dibujo de una página al azar .
Kafka distinguía dos estirpes tecnológicas igualmente modernas: por una parte, los medios de comunicación-traslación, que garantizan nuestra inserción y nuestras conquistas en el espacio y el tiempo (barco, automóvil, tren, avión ...); por otra, los medios de comunicación-expresión, que suscitan fantasmas en nuestro camino y nos desvían hacia efectos incoordinados, fuera de coordenadas (las cartas, el teléfono, la radio, todos los "parlófonos" y cinematógrafos interminables...) (...) Kafka sugería hacer mezcolanzas, poner las máquinas de hacer fantasmas sobre los aparatos de traslación (...) ¿No es ésta también la historia toda del cine, la cámara sobre vías, en la bicicleta, aérea, etc? Y esto es lo que quiere Wenders cuando instaura la penetración de las dos series en sus primeros filmes.
Gilles Deleuze, La imagen-movimiento. Estudios sobre cine (I), Barcelona, Paidós, 1984, págs. 148-149.

sábado, 15 de agosto de 2009

parlava mangiandosi le parole, ha sempre vomitato nelle strade con troppe curve. appoggia la testa al finestrino e ci rovista dentro. ne esce qualcosa a proposito delle strade che portano a est, sui cani tenuti in strada nei paesi sloveni, sulle racchette da spiaggia da usare in cielo, con le nuvole come palline. adesso hanno rivoluzionato i braccialetti anti-nausea.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

essa é parte duma série chamada desenhamapas, assim mesmo, tudo junto.
por ora tem essas, mais 4, mais um mapa maior.
dá pra ver todos e ler um texto minúsculo de ridículo aqui.

Paisajes

Tren y cine. Uno hace viajar el cuerpo, el otro el espíritu, pero ambos, sobre todo, hacen viajar a los ojos... Un viaje en tren es ya una película, un travelling perecedero que pasa delante de los ojos de un solo espectador, y del que se ha perdido el negativo. Los hermosos films y viajes en tren abren los ojos y el corazón y crean aventuras en el espacio y en el tiempo. Son los dos grandes educadores, es por ello que ambos son especies en extinción.
Wim Wenders en el prefacio a D. Corinaulty R. Viry-Babel, Travellings du rail, París, Denoël, 1989.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Garcia Marquez não podia compreender, em 81, que o remédio mais eficaz pro medo de avião não é o álcool, os livros, o banheiro e nem o sexo, e sim filmar, pegar a mini-dv e filmar, a turbulência, a paisagem, pra não sentir-se perturbado. 

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Remedios para volar

Gabriel García Márquez

EL PAÍS - Opinión - 24-02-1981


Una vez más he hecho el disparate que me había propuesto no repetir jamás, que es el de dar el salto del Atlántico de noche y sin escalas. Son doce horas entre paréntesis dentro de las cuales se pierde no sólo la identidad, sino también el destino. Esta vez además fue un vuelo tan perfecto que por un instante tuve la certidumbre de que el avión se había quedado inmóvil en la mitad del océano e iban a tener que llevar otro para transbordarnos. Es decir, siempre me había atormentado el temor de que el avión se cayera, pero esta vez concebí un miedo nuevo. El miedo espantoso de que el avión se quedara en el aire para siempre.En esas condiciones indeseables comprendí por qué la comida que sirven en pleno vuelo es de una naturaleza diferente de la que se come en tierra firme. Es que también el pollo -muerto y asado- va volando con miedo, y las burbujas de la champaña se mueren antes de tiempo, y la ensalada se marchita de una tristeza distinta. Algo semejante ocurre con las películas. He visto algunas que cambian de sentido cuando se vuelven a ver en el aire, porque el alma de los actores se resiste a ser la misma y la vida termina por no creer en su propia lógica. Por eso no hay ninguna posibilidad de que sea buena ninguna película de avión. Más aún: cuando más largas sean y más aburridas, más se agradece que lo sean, porque uno se ve forzado a imaginarse más de lo que ve y aun a inventar mucho más de lo que se alcanza a ver, y todo eso ayuda a sobrellevar el miedo.

Semejantes remedios son incontables. Tengo una amiga que no logra dormir desde varios días antes de embarcarse, pero su miedo desaparece por completo cuando logra encerrarse en el excusado del avión. Permanece allí tantas horas como le sean posibles, leyendo en un sosiego sólo comparable al del ojo del huracán, hasta que las autoridades de a bordo la obligan a volver al horror del asiento. Es raro, porque siempre he creído que la mitad del miedo al avión se debe a la opresión del encierro, y en ninguna parte se siente tanto como en los servicios sanitarios. En los excusados de los trenes, en cambio, hay una sensación de libertad irrepetible. Cuando era niño, lo que más me gustaba de los viajes en los ferrocarrilesbananeros era mirar el mundo a través del hueco del inodoro de los vagones, contar los durmientes entre dos pueblos, sorprender los lagartos asustados entre la hierba, las muchachas instantáneas que se bañaban desnudas debajo de los puentes. La primera vez que subí a un avión -un bimotor primitivo de aquellos que hacían mil kilómetros en tres horas y media- pensé, con muy buen sentido que por el hueco de la cisterna iba a ver una vida más rica que la de los trenes, que iba a ver lo que ocurría en los patios de las casas, las vacas caminando entre las amapolas, el leopardo de Hemingway petrificado entre las nieves del Kilimanjaro. Pero lo que encontré fue la triste comprobación de que aquel mirador de la vida había sido cegado y que un acto tan simple como soltar el agua implicaba un riesgo de muerte.

Hace muchos años superé la ilusión generalizada de que el alcohol es un buen remedio para el miedo al avión. Siguiendo una fórmula de Luis Buñuel, me tomaba un martillazo de Martini seco antes de salir de la casa, otro en el aeropuerto y un tercero en el instante de decolar. Los primeros minutos del vuelo, por supuesto, transcurrían en un estado de gracia cuyo efecto era contrario al que se buscaba. En realidad, el sosiego era tan real e intenso que uno deseaba que el avión se cayera de una vez para no volver a pensar en el miedo. La experiencia termina por enseñar que el alcohol, más que un remedio, es un cómplice del terror. No hay nada peor para los viajes largos: uno se calma con los dos primeros tragos, se emborracha con los otros dos, se duerme con los dos siguientes, engañado con la ilusión de que en realidad está durmiendo, y tres horas después se despierta con la conciencia cierta de que no ha dormido más de tres minutos y que no hay nada más en el futuro que un dolor de cabeza de diez horas.

La lectura -remedio de tantos males en la tierra- no lo es de ninguno en el aire. Se puede iniciar la novela policiaca mejor tramada, y uno termina por no saber quién mató a quién ni por qué. Siempre he creído que no hay nadie más aterrorizado en los aviones que esos caballeros impasibles que leen sin parpadear, sin respirar siquiera, mientras la nave naufraga en las turbulencias. Conocí uno que fue mi vecino de asiento en la larga noche de Nueva York a Roma, a través de los aires pedregosos del Artico, y no interrumpió la lectura de Crimen y castigo ni siquiera para cenar, línea por línea, página por página; pero a la hora del desayuno me dijo con un suspiro: «Parece un libro interesante». Sin embargo, el escritor uruguayo Carlos Martínez Moreno puede dar fe de que no hay nada mejor que un libro para volar. Desde hace veinte años vuela siempre con el mismo ejemplar casi desbaratado deMadame Bovary, fingiendo leerlo a pesar de que ya lo conoce casi de memoria, porque está convencido de que es un método infalible contra la muerte.

Siempre pensé que no hay un recurso más eficaz que la música, pero no la que se oye por el sistema de sonido del avión, sino la que llevo en un magnetofón con auriculares. En realidad, la del avión produce un efecto contrario. Siempre me he preguntado con asombro quiénes hacen los programas musicales del vuelo, pues no puedo imaginarme a nadie que conozca menos las propiedades medicinales de la música. Con un criterio bastante simplista, prefieren siempre las grandes piezas orquestales relacionadas con el cielo, con los espacios infinitos, con los fenómenos telúricos. «Sinfonías paquidérmicas», como llamaba Brahms a las de Bruckner. Yo tengo mi música personal para volar, y su enumeración sería interminable. Tengo mis programas propios, según las rutas y su duración, según sea de día o de noche, y aún según la clase de avión en que se vuele. De Madrid a Puerto Rico, que es un vuelo familiar a los latinoamericanos, el programa es exacto y certero: las nueve sinfonías de Beethoven. Siempre pensé -como he dicho antes- que no había un método más eficaz para volar hasta esta semana de mi infortunio, en que un lector de Alicante me ha escrito para decirme que ha descubierto otro mejor: hacer el amor tantas veces como sea posible en pleno vuelo. De esto -como en las telenovelas- vamos a hablar la semana entrante.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

praia do futuro

quintino cunha

93 . tinha um terreno baldio a esquerda com vacas e sinos no pescoço que depois virou um supermercado-tocantins que tinha apartamentos iguais em cima. o giovanni era caixa de lá há vida todo ele um dia levou um tiro no ombro e contínuo vendendo xilitos.giovanni tinha um sorriso paternopederesta daqueles sem filhos. o outra bala pegou no muro da calçada do supermercado. passei boa parte da minha infância usando aquela bala no muro como trave do gol. eu jogava de camisa.a bala deixou rachaduras e tinha três aréolas. um ano depois fui morar em cima do supermercado dois depois minha avô deixou sua casa com jardim de caracois para virar vizinha de apartamento igual .

« La cartographie des émotions populaires – UrbanMobs / Ubique »

<<< . . . émotions mobiles à la carte . . . >>>
http://vodpod.com/watch/1276254-urbanmobs-motions-mobiles-la-carte
“Paris é um centro, entende, uma mandala que é preciso percorrer sem dialética, um labirinto onde as  fórmulas pragmáticas só servem para a gente se perder. Então, um cogito que seja como respirar Paris, entrar em Paris, deixando que Paris também entre em nós, neuma e não logos ”.

Julio Cortázar. Rayuela.

 

“it is no accident that propels people like us to Paris. Paris is simply an artificial stage, a revolving stage that permits the spectator to glimpse all phases of the conflict. Of itself Paris initiates no dramas. They are begun elsewhere. Paris is simply an obstetrical instrument that tears the living embryo from the womb and puts it in the incubator. Paris is the cradle of artificial births. Rocking here in the cradl each one slips back into his soil: one dreams back to Berlin, New York, Chicago, Vienna,  Minsk, Vienna is never more Vienna than in Paris.  Everything is raised to apotheosis. The cradle gives up  its babes and new ones  take their places. You can read here on the walls  where Zola  lived and Balzac  and Dante and Strindberg  and everybody  who ever was anything. Everyone has lived here some time or other. Nobody dies here. . . . . 

Henry Miller. Tropic of Cancer.

A partir del final del siglo XVIII, el instinto de camaradería ya no emanará de las prácticas de la comunidad sino del hecho de ser un nómada.  De este modo, el aislamento, el silencio y la soledad esenciales se convertirían en mensajeros de la naturaleza y de la comunidad, frente a los rigores, la fría abstinencia y la seguridad egoísta de la sociedad ordinaria.
Raymond Williams, The Country and the City.
Si encontramos poesía en la gasolinera y en el motel, si nos atrae el aeropuerto o el vagón de tren, tal vez sea porque, a pesar de las limitaciones y las incomodidades arquitectónicas, a pesar de sus colores chillones y su agresiva iluminación, sentimos de manera implicita que estos lugares aislados nos proporcionan un escenario material para desarrollar una alternativa a la seguridad egoísta, a los hábitos y al confinamiento del mundo ordinario y bien arraigado. 
Alain de Botton, El Arte de Viajar.
I mean, don't forget the earth's about five thousand million years old, at least. Who can afford to live in the past? .(The Homecoming, Harold Pinter).

.The weather will not change.

fragmentos de una conversación

Yo: pero los chochos son pelados
  todos
  hay un dicho aqui:
  "las chicas de barcelona tienen el chocho pelado"
  pero las nordicas...
  todas peladas
  TODAS
20:47 Él: eso es enfrentar el frio con la herida
  valentia pura
  media naranja
  demanda sexual
20:48 es tener la cabeza abajo, por media hora, para chupar una concha, un pene.. hasta estancar la sangre
20:49 que bien!
  te estas enamorando?Yo: enamorado no [...]
Yo: es un corto
  un corto
  que hizo cuando estuvo deprimido
  porque le acusaran de antisemita
  sabes?
  y estuvo por meses en su casa... escribiendo... llamando personas...
  y en este corto filma a si mismo
  es fassbinder actuando a fassbinder
  desnudo
  lleno de cocaina
  olendo coca
  con su novio
  y entrevistando su madre
  !!! [...]
Yo: la frasis que probablemente pondré en el inicio (cuando aparece un cartel despues del primer plano) esesta:
  “What sphinx of cement and aluminium bashed open their skulls and ate up their brains and imagination?” – allen ginsberg.
  la esfinge es la tele... por supuesto ÉL: me recuerda a una de leonardo da vinci "voglio fare miracoli" (quiero hacer milagros! ), esto lo dijo en su primera incision de carne humana, al ver el cuerpo por dentro
 sinopsis. "Leopardo duerme en sus amapolas el pensamiento " (Leopard sleeps in the poppies the thought) Gonzalo Rojas
21:21 tambien me acorde de esta, fue la sinopsis de la conducta debida
21:22 una sinopsis posterior, totalmente errada
21:23 Yo: voy apuntarlas
  pero todavia la de querer hacer milagros y la de guinsberg....
21:28 Él: has visyo straub querido?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

desvio pode entrar na capa mão-mapa

como nome, não como imagem
bez


.

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