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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

quinta-feira, 25 de junho de 2009

eriketa querida, todos além, legal. eu tinha até falado com a flávia pr'ela pular dentro quando a coisa já tiver meio andada. super-presença mnemônica. ela disse yeah, tell me more. quanto ao exílio... sei lá. talvez seja só uma besteira, questão de gosto, quando a palavra "exilio" me remete a uma série de clichês já explorados demais, uma coisa assim tony gatliff benedetti que sé yo - mas, lucas, não ponhamos tanta areia num mesmo saco. acontece que pra mim o maior expoente da temática, roberto bolaño, é justamente quem mais esculhamba com a palavra exílio, porque remeteria a essa latinoamericanidade (chilena-argentina) chorosa e sem braço - áquele mesmo braço perdido e que ainda se sente (saca?). acho um conceito muito forte e, nao sei, é só uma sensação... <<>> ó, o exílio. acho que é isso, como se "exílio" já fosse uma palavra "ó" demais. na real a gente pode ir mais fundo. cortázar disse uma vez que o século XX é o século da nostalgia. um mundo perdido no sentido de termos matado o sujeito clássico e a conexão entre os sentidos (a segunda queda de adão). um mundo exilado (duas grandes saídas: 36-45 e 64-89 mais ou menos). cortázar fala também que nunca se sentiu exilado, mas que agora, em 77, podia compreender a palavra exilio, começando a sentir-se um exilado. no fundo nao parece, mas o julio é muito político. durante toda a entrevista faz referências ao golpe de 76. agora, nessa nova virada, nao vejo mais essa palavra, "nostalgia", e nem exilio, com tanto sentido. penso no skype. cadê o exilio, a impossibilidade de representação de um ausente? : olhe, mas nao toque. já passamos do momento da perda. o exilio foi a queda antes de uma novidade, a de viver na errância. produziu um vacuo, uma impossibilidade de representação - como falar de pessoas desaparecidas?, como dar conta das ditaduras e dos holocaustos nalgumas palavras? -, essa é a temática central em pessoas como chris marker, alain resnais e roberto bolaño. mas é interessante notar a passagem que se desenrola entre hiroshima mon amour de alain resnais (exilio total) e sans soleil de chris marker (pura errância), entre a casa tomada do cortazar e os detetives selvagens do bolaño. enfim, mi pueblo. antes era exilio, agora já nao há mais casa nem ponto de referencia. bolaño sentia-se exilado no mexico, mas depois, até no chile era um exilado, e aí foi quando deixou de fazer sentido a palavra - potencializando-se. a falta, a ausência, a perda, a pena, nao curto. assim como nao curto o chororô de benedetti (bolaño que o diga). e exilio remete também a isso (pra bastante gente, pelo menos). nao queria teorizar demais, meus lindos, porque dá pra ver que tudo acaba caindo num imenso vazio e voltando a uma questão de gosto. se voces quizerem, a gente fala de exilio em todas as linhas-entre da revista, desse primeiro número, sei lá, mas sem ter a palavra como título, porque acho que é um peso desnecessário - talvez é melhor falar da morte sem usar a palavra, por exemplo. ai, pra que tanta palabra... um beijo grande em cada um,

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