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o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PSICOGRAFANDO EM GRACIA PELA MANHÃ

"abram as portas das suas casas, deixem os ladrões entrarem, eles vão tentar levar tudo o que puderem". acordei às 8 da noite. é como se fizesse do final da tarde o início da manhã. depois de tudo sonhei que encontrava o postal panorâmico de Mariana Vassileva, e que me escondia por detrás de uma tela de cinema em que projetavam filmes terríveis de companheiros de classe. depois de tudo sonhei que não tinham me robado, que na verdade era um sonho. e isso porque os três ladrões parecem ter surgido do meu inconsciente, como os personagens que seguem Wilhelm Maister em "falso movimento". faziam parte de mim. de uma lógica. porque eu tinha que perder pra poder recomeçar.
aquela luminosidade de seis da manhã. a cara pálida e a faca prateada. depois de tudo despertei vendo a entrevista de Kieslowski, falando que devemos permanecer atentos ao sentido da responsabilidade. o fio perigoso das coisas. e dormi na casa de Mathilde, e pensei que estava com Ana, que significa "esbelta". a câmera aparecia, a bateria, o livro de Handke, os apontamentos, a identidade e o cartão de crédito. no bairro de Gracia já nao há festa, as ruas estão vazias, e na casa onde estou abundam bons livros. la compañia de Becket, el trópico de Miller, el atlas de Serres, e acordo lendo esse último sem despertar. penso num terceiro lugar, na ida de Mathilde, na possibilidade de usar Cláudio no "mudanza". ele é chileno, sua namorada alemã, creio que pode ser sim um personagem a la Bolaño. números, letras, nomes, parece que escrevo cifrado. depois de tudo continua o fetiche por berlin, munich, colonia, hamburgo. as alemãs como Nichol e Virreina. "fox and his friends", o personagem de Franz Walsch, a ótica do senhor e do escravo. Fassbinder. depois de tudo pareço dez anos mais velho. uma semana de álcool e rostos e falas e Roberto Begnini. eu talvez o único que odiou a vida é bela. e Elisa, a italiana mais linda, com seu vestido de bolinhas e cabelo curto entrevendo a nuca. as pernas, as ancas, e o jeito solto de andar dançando. "a kiss in the tunnel", a possibilidade de encontrá-la no cccb, o telefone perdido. o telefone roubado, ou seja, pra nunca mais. (pausa) "ciao" em italiano é oi e tchau em português. (pausa) me esqueci do cheiro dela. (pausa) as bolinhas de sabão feitas pelo ventilador. as bolinhas de sabão assassinadas industrialmente pelo ventilador. (pausa) a necessidade de voltar a comer livros. (pausa) flexões. (pausa) acordo cansado e durmo cansado e sonho cansado. não tenho amigos para além de Chiso. e Chiso não me cansa. odeio os catalães. tenho ódio. a possibilidade de viajar trabalhando pela espanha. dar costas aos pirineus. os pirineus às minhas costas. possibilidade de me perder em granada. filme bicicleta José e Maria. filme "mudanza" amiga de Sara e Cláudio. filme tavertet grande incógnita. que mais? morcilla. reaprender a comer carne com muito sangue. comprar um mapa. depois de tudo. sim, depois de tudo.

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