ainda ontem, fazendo a visita costumeira à barraca da Lílian, me deparei com um achado especial.
tudo bem que a barraca dela é repleta de tesouros e achados especiais, mas esse realmente me chamou atenção.
me namorou...
abri sua capa de celulose e tecido, folheei suas páginas de bordas douradas(como ñ se fazem mais), li seus pensamentos e poemas.
vi suas fotos, e em uns 15 minutos já sabia de sua vida.
ou imaginava saber, pelo que tinha em mãos.
a feira da Praça XV é muito mais que uma feira.
é um museu à céu aberto, o museu da intimidade e história alheia...um grande mercado de memórias(materiais)descartadas.
uma fonte de poesia urbana, de ontem e de hoje.
e toda vez que percorro meu olhar sobre todas as miúdezas e grandezas que compõem esse cenário confuso, sempre me vêm a sensação - ou talvez desejo contido - de que vou encontrar alguma memória minha lá.
no fundo, alimento uma esperança estéril e surreal de que vou encontrar todos os objetos que um dia me pertenceram, que se perderam, e que ainda me são caros.
porque me lembro deles.
permaneceram na lembrança, como memória.
de que no meio de tudo aquilo vou achar o pingente perdido que meu primeiro amor me deu.
ou o lenço de minha avó que foi roubado.
ou a foto de algum antepassado que desconheço ou que não me lembro...se não me lembro, não é mais memória, nem mais me pertence.
17 de maio de 2009.