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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Kral Majales (A. Ginsberg)

E os Comunistas não têm nada a oferecer além de bochechas gordas e óculos e policiais mentirosos

e os capitalistas ofertam Napalm e dinheiro em maletas verdes aos Nus

e os Comunistas criam indústria pesada mas o coração é também pesado

e os belos engenheiros estão todos mortos, os técnicos secretos conspiram para seu próprio glamour

no Futuro, no Futuro, mas agora bebem vodka e lamentam as Forças de Segurança,

e os Capitalistas bebem gim e uísque em aviões mas deixam milhões marrons de Indianos passarem fome

e quando imbecis Comunistas e Capitalistas se enroscam, o homem Justo está preso, ou roubado, ou teve sua cabeça decepada,

mas não como Kabir, e a tosse de cigarro do homem Justo por cima das nuvens

no resplandescente raio de sol é uma saudação à saúde do céu azul.

Pois eu fui preso três vezes em Praga, uma por cantar bêbado na rua Narodni,

uma nocauteado na calçada da meia-noite por um agente embigodado que gritou BOUZERANT,

uma por perder meus cadernos de notas de opiniões pouco usuais de sonho política sexo,

e eu fui despachado de Havana de avião por detetives de uniforme verde,

e eu fui despachado de Praga de avião por detetives com ternos Checoslovacos,

Jogadores de cartas saídos de Cézanne, as duas estranhas bonecas que adentraram o quarto de Joseph K de manhã

também adentraram o meu, e comeram à minha mesa, e examinaram os meus rabiscos,

e me seguiram manhã e noite das casas dos amantes até os cafés do Centrum –

E eu sou o Rei de Maio, que é o poder da juventude sexual

e eu sou o Rei de Maio, que é indústria em eloqüência e ação em aventuras amorosas,

e eu sou o Rei de Maio, que é cabelo longo de Adão e a Barba de meu próprio corpo

e eu sou o Rei de Maio, que é Kral Majales na língua Checoslovaca,

e eu sou o Rei de Maio, que é velha poesia Humana, e 100.000 pessoas escolheram meu nome,

e eu sou o Rei de Maio, e em alguns minutos eu vou pousar no Aeroporto de Londres,

e eu sou o Rei de Maio, naturalmente, pois sou de linhagem Eslava e um Judeu Budista

que louva o Sagrado Coração de Cristo e o corpo azul de Krishna e as costas retas de Ram

as miçangas de Xangô o Nigeriano cantando Shiva Shiva de uma maneira tal qual eu inventei

e o Rei de Maio é uma condecoração centroeuropéia, minha no século XX

apesar de naves espaciais e da Máquina do Tempo, porque eu ouvi a voz de Blake numa visão,

e repeti aquela voz. E eu sou o Rei de Maio que dorme com adolescentes rindo.

E eu sou o Rei de Maio, que eu possa ser expulso do meu Reino com Honra, como por velhice,

Para mostrar a diferença entre o Reino de César e o Reino do Maio do Homem –

E eu sou o Rei de Maio, embora paranóico, porque o Rei de Maio é belo demais para durar por mais que um mês –

e eu sou o Rei de Maio porque eu encostei meu dedo à minha testa saudando

uma garota pesada luminosa tremendo as mãos que disse “um momento Sr. Ginsberg”

antes que um Policial à paisana jovem e gordo se metesse entre nossos corpos – eu estava indo para a Inglaterra –

e eu sou o Rei de Maio, voltando para ver o Bunhill Fields e andar em Hampstead Heath,

e eu sou o Rei de Maio, em um avião a jato gigante tocando o campo aéreo de Albion tremendo de medo

enquanto o avião ruge para um pouso no concreto cinza, sacudindo & expelindo ar,

e balança vagarosamente até parar debaixo das nuvens com parte do céu azul ainda visível.

E apesar de eu ser o Rei de Maio, os Marxistas me bateram por cima da rua, me mantiveram acordado a noite toda na Delegacia, me seguiram através de Praga Primaveril, me detiveram em segredo e me deportaram do nosso reino de avião.

Assim eu escrevi este poema num jato sentado no meio do Céu.

(And the Communists have nothing to offer but fat cheeks and eyeglasses and lying policemen / and the Capitalists proffer Napalm and money in green suitcases to the Naked, / and the Communists create heavy industry but the heart is also heavy / and the beautiful engineers are all dead, the secret technicians conspire for their own glamour / in the Future, in the Future, but now drink vodka and lament the Security Forces, / and the Capitalists drink gin and whiskey on airplanes but let Indian brown millions starve / and when Communist and Capitalist assholes tangle the Just man is arrested or robbed or has his head cut off, / but not like Kabir, and the cigarette cough of the Just man above the clouds / in the bright sunshine is a salute to the health of the blue sky. / For I was arrested thrice in Prague, once for singing drunk on Narodni street, / once knocked down on the midnight pavement by a mustached agent who screamed out BOUZERANT, / once for losing my notebooks of unusual sex politics dream opinions, / and I was sent from Havana by planes by detectives in green uniform, / and I was sent from Prague by plane by detectives in Czechoslovakian business suits, / Cardplayers out of Cezanne, the two strange dolls that entered Joseph K's room at morn / also entered mine and ate at my table, and examined my scribbles, / and followed me night and morn from the houses of the lovers to the cafes of Centrum - / And I am the King of May, which is the power of sexual youth, / and I am the King of May, which is long hair of Adam and Beard of my own body / and I am the King of May, which is Kraj Majales in the Czechoslovakian tongue, / and I am the King of May, which is old Human poesy, and 100,000 people chose my name, / and I am the King of May, and in a few minutes I will land at London Airport, / and I am the King of May, naturally, for I am of Slavic parentage and a Buddhist Jew / who whorships the Sacred Heart of Christ the blue body of Krishna the straight back of Ram / the beads of Chango the Nigerian singing Shiva Shiva in a manner which I have invented, / and the King of May is a middleeuropean honor, mine in the XX century / despite space ships and the Time Machine, because I have heard the voice of Blake in a vision / and repeat that voice. And I am the King of May that sleeps with teenagers laughing. / And I am the King of May, that I may be expelled from my Kingdom with Honor, as of old, / To show the difference between Caesar's Kingdom and the Kingdom of the May of Man - / and I am the King of May because I touched my finger to my forehead saluting / a luminous heavy girl trembling hands who said "one moment Mr. Ginsberg" / before a fat young Plainclothesman stepped between our bodies - I was going to England - / and I am the King of May, in a giant jetplane touching Albion's airfield trembling in fear / as the plane roars to a landing on the gray concrete, shakes & expels air, / and rolls slowly to a stop under the clouds with part of blue heaven still visible. / And tho' I am the King of May, the Marxists have beat me upon the street, kept me up all night in Police Station, followed me thru Springtime Prague, detained me in secret and deported me from our kingdom by airplane. / Thus I have written this poem on a jet seat in mid Heaven.)

tradução: camila

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