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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

quinta-feira, 2 de julho de 2009

"O MILÊNIO COCHILA"

vamos lá, vamos tentar outra vez. outra coisa não resta a fazer enquanto os dedos ainda estalam, as lascas das unhas decolam, se acumulam pelo meio da sala. não há como se levantar agora, é preciso parir o feto sem cabeça. há o som dos carros, o som rude do qual já não se ocupam mais os passarinhos: estão de recesso. o mundo desliza fantasticamente rumo à completa inanição e, afinal, o coração de Michael Jackson parou. mas vamos lá, querido, não se afaste. não olhe o teclado, tire o pó da alma, faça falar algo que não seja um crime. vamos lá, o sol se foi, mas vamos lá, foram-se as eras do ouro mais difícil, vamos lá, transitamos sobre a seiva ainda em formação, feita dos restos da matéria esquartejada de deus. deixe a leveza do abandono tomar as artérias, as paredes que se movem e rompem a visão – beije as paredes e abrace a visão que será interrompida com versos de conexões fraudulentas. lá fora tudo cessa, deixamos marcas nas paredes, é preciso limpar a sujeira, o amargo das lágrimas, que alimentam os pássaros mudos: asas em recesso. a beleza da antiga sinfonia se esfarela, o dia pela metade: é preciso realizar já! espere pela forca, avião desmaterializado, a matéria da corda, dos assaltos a banco, salte por cima da rampa, o milênio cochila, as flores do ópio amargam no fundo poético de um estômago faminto, os olhos do câncer, as multidões tomam as ruas com seus narizes escorrendo e caem nos mais diversos buracos. existe uma beleza sem fim no instante da queda brusca: repare nisso, e caia.

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