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o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

domingo, 26 de julho de 2009

“cotovelos” (marona)

não mais escrever com os cotovelos. não que seja exatamente uma falha, é um querer estar longe dos braços, que tramam corrupções metafísicas. nessa manhã fria de julho, o vento faz uma torcida ansiosa por sangue. acendo um cigarro por indiferença, rasgado do corpo, longe dos sentidos. sigo em voltas infinitas e sem porto trago fundo o que jamais realizarei. serei aquele que pede com os olhos, que sente passando a oportunidade. sinto ganas de dizer “então vamos”, mas sei que ficarei parado, ao lado, uma mulher a quem prometi coisas liga a televisão, fecha porta: fuma. não suportamos o cigarro e fumamos. resta dizer “em frente”, ir para o lado, engolir à seco a centopéia já sem vida. ganas de dizer qualquer coisa do azul. versos tristes e sem ritmo não falam da dor do que separa, permanecendo fora da cama, com olhos arregalados, colhendo os cacos da nova pobreza. massageio os cotovelos, que faltam nas frases que um dia foram de luta. agora inauguram a fase antecedente de uma morte por dia, sem emoção. vontade de engolir, de beijar, de ir. para onde foram sem me dar aviso? livros cansam as prateleiras, caixas entopem as veias um dia pulsantes. restaria alguma coisa talvez na frase desavisada da qual a grande surpresa seria a boca ressequida, saliva lateral, que faz do futuro um risco desbotado. é puxar o trago dessa respiração difícil, inclinar o rosto, à espera do improvável, para dizer justo o que não deve ser dito: raspar a panela do peito, sem os braços.

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