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o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

sábado, 29 de maio de 2010

dos parques

minha linda, tentei te ligar hà uns dias. eu sei. voce anda incomunicàvel e acho otimo. imagino que nao hà outro caminho quando a casa cai. mas é que quis te dar um susto, assim, telefonando de um parque cheio de crianças, um parque cheio também de ondas wifi. (mandei um gato por correio. espero que chegue vivo.) estou sem uns acentos nesse teclado. mas a fala nao muda. paris é uma cidade feita para os encontros. as quadras pluriformes terminam por desenhar triangulos que, juntos, tornam-se circulos. la ville-boucle / la ville-arrondissement. tenho caminhado, en train de marcher tout la ville. 10 kilometros ontem, doze anti-ontem, 7 hoje, o que nao significa um ritmo descendente. é que tenho parado pra ler nos parques. nadja. penso no quanto o jogo-da-amarelinha deve a este livro. sendo que estive num puteiro ao lado da casa do breton, ao lado do les deux masques, sem sabe-lo. a puta dizia ser de barcelona mas era argelina. tentei fugir para nao pagar o que queriam me cobrar frente à cicatriz do cafetao. depois negociei negociei. quase suplicando. nenhuma nadja. nada. porque era de dia e a cidade so' se ve - é mais real à luz da noite. .(la nuit est aussi un soleil). era de dia e nem terminei meu whisky. mas bem. a verdade é que paris é um mandala pulsante. uma cidade que é centro, que é super-paris, como dizia koolhaas. e por isso um filme. um filme metrô, paquistaneses vendendo fruta na saida das estaçoes, estatuas e centros vertiginosos, carros girando em estrelas, uma teia de aranha atraves da qual nem o diabo de moto passa - a imensa quantidade de hilos de la virgen. uma cidade para caminhar. girando. e livros. a obra completa do bataille e perec e duras. comprei o écrire dela. e do perec um livro que se chama tentative d'épuisement d'un lieu parisien. é assim: por tres dias ele senta e escreve o que ve na place saint-sulpice (perto de luxembourg). pombos que andam e olham pro nada. pessoas que passam e também pro nada. un 96 passe. un 87 passe. un 86 passe. un 70 passe. un camion "grenelle interlinge" passe. accalme. il n'y a personne à l'arrêt des autobus. un 63 passe. un 96 passe une jeune est assise sur un banc, en face de la galerie de tapisseries "la demeure"; elle fume une cigarette. etc roubei tambem poemes et nouvelles erotiques do bataille. mas quero mesmo as obras completas. tenho que morar nessa cidade. fazer um filme sinal luminoso. fotografias e movimentos. entre o olhar estatico e o frenetico. e sempre os mapas, a cidade crescendo como uma cebola, de dentro pra fora, seus muros destruidos tornando-se boulevares, a construçao de novos muros depois destruidos e assim por diante tornando-se paris e seus faubourgs (que sao o melhor da cidade), barbes e chateau rouge, os restaurantes de comida do camarao, saint-ouen, porte de vanves, montreuil, o encontro com os quinquilheiros do arrondissement, descrito assim de uma maneira que quase choro por breton. o quanto...................... andei pensando. nao se mapeia o genérico e nem o absurdo. a orbita dos planetas é tao exata que nao precisamos de um mapa. ( apesar dos astros reunidos o sistema solar nao costuma ser mapeado). por outro lado nao ha tambem um mapa do oceano. porque muda constantemente. porque seu ondular termina por ser branco, por ser a conjunçao da diferença numa nova forma de genérico. as cores giram e vemos o branco. a luz. o absurdo a noite e seu sol. contraponto paris é o mapeamento da conjunçao de singularidades. podemos fazer um mapa indicando os lugares onde houveram encontros. é isso breton. é isso cortazar. é isso benjamin. mapas de carrefours. cruzamentos. uma palavra que nao conhecia e que me encanta: dépaysement. e fico por aqui beijos enormes

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