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[aStro-LáBio]°² = [diáRio de boRdo]°²

o tempo de uma gaveta aberta
é o tempo de uso de uma gaveta aberta
é o tempo de uma gaveta em uso
agora fechada a gaveta guarda
o tempo para trás levou
e não volta mais: voou





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érica zíngano | francine jallageas | ícaro lira | lucas parente

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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prometi a mim mesmo que hoje não escreveria, só leria. li muito e não agüento. cá estou aos oitenta e de vista cansada, bagos frouxos, boca murcha.um excesso de hilda é que me empresta os bagos. perco pudores que ainda restam com hilda que é baixa e suja agora.sofro duma incontinência literária, breve uma urinária me aguarda por suposto, e não bem com escatologias mas é a tentativa de tragar tudo quanto engulo, deglutir tudo quanto cabe numa boca de dente pouco mas sempre insisto em ser em mim, uma tristeza, uma bosta. descobri que segurar o texto um muito é como um orgasmo (mesmo velho e macambúzio gozo) quando depois duma certa espera, vem maior.tenho preferência por ninfetos ágeis e esguios no botão da idade e que me lembrem a mim quando no mesmo tempo posto que é como voltar e pudesse voltava, velho e cansado só por circustância. seduzo velhinhas, faço um sucesso fodido no dentadura-sport-club vulgo bolero-de-terceira-idade . como as velhas por certa verve geni e os ninfetos por gosto, justos. nifetos são mais difíceis e velhas são viúvas e carentes mas isso não importa. o jornal me andou falando e a rádio e os livros. Todos agora falam com velhos, uma crise qualquer na consciência social por marginalizar a velharia e iniciam justo no meu calo, uma tristeza.queria escrever pra todos mas são tantos e nem poderia, uma coleção extensa de pendência em cartas, uma centena que devo ao mundo e só posso responder da minha melhor maneira, escrevendo assim num modus operandi obliquo que leva já toda uma vida e digo isso aquela dos sapatos de crochê pra nenês “e porque que o mundo ia falar com você?”não sei mas falou, agora deve já ter desistido e eu que vejo mais além. velho e paranóico. escrevo desde os cinqüenta e nove quando houve o acidente e perdi uns bons três centímetros da perna esquerda. É por aí, velho e manqueta. todos os dias me debruço no umbigo e vou repuxando uns cordões umbilicais pelo quarto todo até estar teia tétricofágica, fagossimbiótica com mundo de eu do mundo, uma nojeira.Escrevo tratando as palavras na chinela, faço de brinquedo e desentranho elas dos confins de nem-sei-lá e das palavras dos murais do mundo. é de ficar tão à vontade que erro com eram mesmo e vai tudo torto pra ser lido, mas não é pra ser lido é pra ser engolido que escrevo e que erro. velho e ruim de hortografia. engulo tudo quanto me passa pela frente e depois me vão dizer que é sem critério, mas vomito tudo e só depois posso ver e gosto é como rabo já se diz por aí, sendo assim não me fodas ora porra, pois sim, velho e glutão. vou de Brasília pela rua escura de velho e notívago que sou, um porre ao volante e tento ando na rua que até me sabem as putas pelo nome e fazendo charadas sobre o que eu havia dito de amarelinhas e dor na lombar, sempre velho e vadio vou. escrevo na primeira pessoa pra primeira segunda terceira e quarta. tudo sempre de quinta. e me vem dizer que faço diários. mas diários não, minha vida passa mas literatura resta, sabes? expurgo qual pus e tudo que me sai desde a tal data é letra. “velho e fazendo diários” mas diários não, filhas da puta. posso até xingar, adoro a hilda. velho e transgressor só porque me atraso horas, anos. até transgredir é coisa de velho, vê? lhe diga o oiticica que só não ficou velho porque morreu de tanto bacon antes. Sonho com cavalos e centauros dum texto dum cara vivo tal renan e acordo de pau à pino ainda que velho, o que deveria ser um ponto alto, mas depois me vão dizer perverso. velho e velhaco.